Maputo - Algumas dezenas de professores manifestaram-se hoje no centro de Maputo, de bata e com reivindicações da classe e exigindo justiça, mas a polícia ainda tentou travar a marcha com disparos de gás lacrimogéneo, após levar cinco docentes à esquadra, segundo a Lusa.
Convocada pela Associação Nacional dos Professores de Moçambique (Anapro) para o dia seguinte aos três dias de um novo período de paralisação e manifestações nacionais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A manifestação pretendia reclamar o pagamento de 22 meses de horas extraordinárias em atraso, mas rapidamente os professores entoaram cânticos habituais nos restantes protestos, como "Salvem Moçambique".
A saída da manifestação estava prevista para o Jardim dos Professores, pelas 09h00 locais (08h00 em Angola), mas os primeiros cinco que chegaram ao local, uma hora antes, foram levados para a 2.ª esquadra, em Maputo, com a polícia a insistir que não havia condições para a marcha.
Cerca das 10h00 a manifestação acabou por sair, perante a insistência dos professores, mas ao fim de algumas centenas de metros, junto ao Instituto Comercial de Maputo.
A polícia bloqueou os manifestantes lançando gás lacrimogéneo, com os docentes a refugiarem-se no interior daquela escola do centro de Maputo.
Após alguns minutos de tensão e nova negociação com a polícia, os manifestantes acabaram por voltar à rua, mas já com escolta, levando o protesto até à estátua de Eduardo Mondlane, noutro extremo da cidade, entoando cânticos como "Professor é povo" ou "Não matem o nosso povo".
Recordando que há salas de aula, actualmente, com mais de 200 alunos, acabando o protesto por decorrer sem novos incidentes.
"Não esperávamos que fôssemos escorraçados do nosso próprio jardim (local da concentração)", afirmou o presidente da Anapro, Isac Marrengula, no final da manifestação, recordando que após o entendimento com a polícia a marcha, que era "pacífica", decorreu "sem escaramuça".
"É possível que se façam marchas pacificas como foi o nosso caso. Só temos a lamentar a atitude da polícia, que tentou desencorajar esta marcha", afirmou o dirigente, garantindo que a manifestação foi comunicada à polícia e ao município e que os dirigentes estavam a ser "ameaçados", para não a realizarem.
À saída da manifestação, Cristina Souto, professora de língua portuguesa, admitia que a situação não é boa. GAR