Luanda - O ministro das Relações Exteriores, Téte António, afirmou, em entrevista à ANGOP, que Angola desempenha um papel fundamental nos esforços regionais de pacificação da Região dos Grandes Lagos e de outras regiões do continente africano marcadas por instabilidade.
Por Francisca Augusto, jornalista da ANGOP
Segundo o diplomata, que respondia a um questionário da ANGOP a propósito dos 49 anos da Independência Nacional, a assinalar-se esta segunda-feira, Angola tem ajudado a pacificar varios países africanos, pois a sua diplomacia gira em torno da resolução de conflitos, da manutenção da paz e da mediação, para garantir a estabilidade, a segurança e o desenvolvimento económico.
Ao analisar essencialmente os progressos da diplomacia angolana, os desafios do continente africano e do papel da diáspora no desenvolvimento de Angola e na promoção da imagem do país no estrangeiro, o embaixador Téte António enfatiza o papel do país na pacificação do leste da República Democrática do ( RDC), sublinhando que este tem sido um processo desafiador e complexo, por vários factores.
Considera que a pacificação da Região dos Grandes Lagos tem sido dificultada, entre outros factores, por conflitos históricos e questões de legados, além da presença de grupos armados, tanto estrangeiros quanto nacionais, que alimentam o conflito por décadas.
"A área tem uma longa história de conflitos, com tensões decorrentes de legados coloniais, divisões étnicas e reivindicações sobre recursos. Isso deixou uma base frágil sobre a qual as iniciativas de paz devem ser construídas", sublinha.
Na entrevista, o governante fala da visão de Angola para a presidência da União Africana, prevista para em 2025, e alerta que o país enfrentará uma série de desafios, particularmente devido à instabilidade reinante em várias regiões do continente.
Outro tema de destaque é o da realização, em 2025, da Cimeira de Negócios EUA/África, em Angola, evento que poderá ressaltar, conforme o ministro, o papel emergente de Angola como líder regional.
Segue a entrevista na íntegra:
ANGOP - Sr. Ministro, a ANGOP agradece por conceder este espaço dentro da vossa apertada agenda, a fim de falar um pouco sobre os ganhos e esforços diplomáticos do país. Para começarmos a conversa, como classifica a nossa diplomacia, 49 anos depois da Independência Nacional?
Téte António (TA) - Eu é que agradeço pela oportunidade que me dão para falar sobre uma efeméride tão importante para a República de Angola. A diplomacia de Angola hoje, ao marcar os seus 49 anos de independência, é caracterizada por várias tendências e iniciativas-chave como as seguintes:
Diplomacia Económica e Diversificação: A diplomacia de Angola está cada vez mais focada em objectivos económicos, priorizando a diversificação da sua economia. Além das exportações tradicionais de petróleo, o país busca atrair investimentos estrangeiros em vários sectores, como agricultura, turismo e energia renovável, para estimular o crescimento económico sustentável.
Paz e Segurança Regionais: Angola desempenha um papel fundamental nos esforços regionais de paz, especialmente na Região dos Grandes Lagos e em outras áreas marcadas pela instabilidade. A sua diplomacia gira em torno da resolução de conflitos, manutenção da paz e mediação para garantir a estabilidade regional, o que é crucial para a sua segurança nacional e o seu desenvolvimento económico.
Consolidação Democrática e Governança: Os esforços diplomáticos também são direccionados para o fortalecimento das instituições democráticas e dos sistemas de governança de Angola. Isso envolve reformas judiciais, aumento da transparência e promoção dos direitos humanos, com o objectivo de construir credibilidade internacional e confiança entre os seus cidadãos.
Investimento em Infra-estrutura e Integração: Um aspecto significativo da diplomacia de Angola envolve a melhoria da infra-estrutura que auxilia na conectividade e integração regionais. Isso é essencial para promover a colaboração económica e o comércio entre as nações africanas.
Diplomacia Cultural e Relações Internacionais: Angola continua a nutrir a sua diplomacia cultural usando a sua rica herança para construir relações internacionais mais fortes. Através de intercâmbios culturais, Angola mostra a sua diversidade e história, aprimorando a sua imagem no exterior.
Iniciativas Anti-corrupção e Transparência: A diplomacia de Angola está comprometida em combater a corrupção por meio de várias reformas destinadas a melhorar a transparência e a eficiência nos sectores público e privado.
Compromissos Ambientais e de Desenvolvimento Sustentável: Angola também está a concentrar-se no desenvolvimento sustentável e na gestão responsável de recursos como parte da sua missão diplomática. Isso inclui iniciativas em energia renovável e conservação ambiental, alinhando-se com os esforços globais para combater as mudanças climáticas.
À medida que Angola celebra os seus 49 anos de independência, a sua diplomacia reflecte uma mistura dessas iniciativas estratégicas, sinalizando a sua intenção de desempenhar um papel significativo e proactivo nos assuntos regionais e internacionais.
ANGOP - Quais foram os grandes feitos alcançados pela diplomacia angolana, tendo em consideração que o país viveu um longo e difícil período de guerra? O que destacaria do imenso trabalho deste sector para o alcance da paz?
TA - A diplomacia angolana fez progressos significativos desde a independência do país, particularmente na superação dos desafios colocados por um longo período de conflito armado. Aqui estão algumas das conquistas notáveis, incluindo sucessos diplomáticos mais recentes:
Acordos de Paz e Resolução de Conflitos: Uma das conquistas mais significativas da diplomacia angolana é a negociação bem-sucedida de acordos de paz que levaram ao fim da guerra em 2002. A diplomacia envolvida nessas negociações foi crucial para trazer a reconciliação e lançar as bases para a reconstrução e o desenvolvimento nacional.
Reabilitação e Reconstrução: Após o conflito, o Governo angolano concentrou-se na reconstrução da nação. A diplomacia desempenhou um papel fundamental na garantia de apoio internacional e investimento para projectos de infra-estruturas, contribuindo para a reconstrução de estradas, pontes, escolas e hospitais, cruciais para a recuperação económica e o desenvolvimento.
Contribuições de Estabilidade Regional: Angola tem sido fundamental na promoção da paz e da estabilidade na região da África Austral e na região dos Grandes Lagos. Ao mediar conflitos e participar de iniciativas regionais de manutenção da paz, Angola consolidou a sua reputação como uma força estabilizadora em África.
Diversificação Económica e Investimento Estrangeiro: Através de esforços diplomáticos estratégicos, Angola procurou reduzir a sua dependência do petróleo e diversificar a sua economia. Atrair investimento estrangeiro directo na agricultura, energia renovável e em outros sectores tem sido uma prioridade diplomática, que começa a dar frutos.
Relações Bilaterais e Multilaterais Fortalecidas: A diplomacia angolana aumentou a estatura internacional do país, fortalecendo as relações bilaterais e participando activamente nas organizações multilaterais. Isso tem sido fundamental para aumentar a influência global de Angola e garantir parcerias benéficas.
Desenvolvimento Social e Económico: Os esforços diplomáticos também concentraram-se no desenvolvimento social e na melhoria da qualidade de vida. Ao promover a cooperação internacional em áreas como educação, saúde e tecnologia, Angola trabalhou para criar uma sociedade mais equitativa.
Diplomacia Cultural e Identidade: Promover a cultura angolana no cenário internacional tem sido um objectivo diplomático fundamental. Através de intercâmbios culturais e da exibição de sua rica herança cultural, Angola procurou construir pontes e melhorar a sua imagem internacional.
Liderança nas Iniciativas da União Africana: O papel activo de Angola na União Africana, incluindo os preparativos para assumir a presidência em 2025, significa o seu compromisso com a paz continental e o desenvolvimento.
Albergar Eventos Internacionais: Angola sediará com sucesso eventos internacionais significativos, como o US/Africa Business Summit (Cimeira EUA/África), mostrando a sua crescente influência e liderança em África.
Avanços em Iniciativas Ambientais: Angola liderou os esforços no combate às mudanças climáticas por meio de projectos de energia renovável e estratégias de conservação ambiental. Lidando com os Desafios Globais: A resposta de Angola a desafios globais, como crises de saúde, incluindo a pandemia de Covid-19, contou tanto com o envolvimento diplomático para o apoio internacional quanto com estratégias internas robustas.
No geral, a diplomacia angolana tem sido uma pedra angular na navegação no cenário pós-conflito, com foco na paz, reconstrução, estabilidade regional, diversificação económica e cooperação internacional. Esses esforços contribuíram para o desenvolvimento contínuo de Angola e o seu papel emergente como um actor significativo nos assuntos regionais e internacionais.
ANGOP - Depois do alcance da paz, quais foram as acções imediatas para se ter uma diplomacia mais actuante?
TA - Por meio dessas acções estratégicas, Angola teve como objectivo estabelecer uma abordagem diplomática mais vibrante, fundamental para garantir a prosperidade nacional a longo prazo e a credibilidade internacional. Depois de alcançar a paz, Angola concentrou-se em várias acções imediatas para estabelecer uma diplomacia mais activa e eficaz, a saber:
Iniciativas de Diversificação Económica: Angola procurou mudar de sua dependência do petróleo e buscar a diversificação económica. O foco estava em atrair investimentos estrangeiros directos em vários sectores como agricultura e energia renovável.
Reconstruindo Parcerias Internacionais: O restabelecimento e o fortalecimento das relações bilaterais e multilaterais foram priorizados para melhorar a posição internacional de Angola e facilitar o acesso a recursos e conhecimentos globais.
Desenvolvimento e Reabilitação de Infraestrutura: Esforços diplomáticos foram feitos para garantir investimentos estrangeiros e parcerias para projectos de infra-estrutura. Isso incluiu a reconstrução de redes de transporte e suprimentos de energia essenciais para o crescimento económico.
Manutenção Regional da Paz e Mediação: Angola assumiu papéis activos na manutenção da paz regional, envolvendo-se em esforços de mediação e contribuindo com tropas para apoiar a estabilidade em África, o que ajudou a impulsionar a sua imagem como uma nação pacificadora.
Fortalecimento da Governança e das Instituições: Canais diplomáticos foram empregues para obter apoio para reformas de governança, reestruturação judicial e medidas anti-corrupção essenciais para a criação de um sistema governamental transparente e eficiente.
Diplomacia Cultural e Pública: Os esforços na diplomacia cultural foram intensificados para melhorar a imagem de Angola globalmente. Isso envolveu a promoção da cultura angolana por meio de eventos e intercâmbios internacionais.
Desenvolvimento Humano e Cooperação: Angola buscou cooperação internacional na melhoria dos sectores de saúde, educação e tecnologia para promover uma população saudável e educada capaz de apoiar o desenvolvimento nacional. Por meio dessas acções estratégicas, Angola teve como objectivo estabelecer uma abordagem diplomática mais vibrante e adaptativa, fundamental para garantir a prosperidade nacional a longo prazo e a credibilidade internacional.
ANGOP - Quais são os grandes desafios que se colocam actualmente à diplomacia angolana tendo em conta a necessidade do desenvolvimento económico, consolidação da democracia e pacificação do continente?
TA - Os principais desafios enfrentados pela diplomacia angolana no contexto do desenvolvimento económico, consolidação da democracia e pacificação continental são multifacetados. Primeiro:
Diversificação Económica e Desenvolvimento: A diplomacia angolana deve se concentrar na diversificação da economia, para reduzir a dependência do petróleo. Isso envolve atrair investimentos estrangeiros em outros sectores, como agricultura, turismo e energia renovável.
Estabilidade Regional e Paz: Os esforços diplomáticos de Angola precisam de priorizar a manutenção da estabilidade e da paz não apenas dentro de suas fronteiras, mas também nas regiões vizinhas, especialmente na região dos Grandes Lagos, onde o conflito se espalha.
Consolidação da Democracia: Garantir que os processos e as instituições democráticas sejam fortes e respeitados é crucial. Isso envolve trabalhar em reformas judiciais, direitos humanos e governança, para construir confiança entre cidadãos e parceiros internacionais.
Desenvolvimento de Infra-estruturas: A diplomacia angolana também precisa de abordar a conectividade regional por meio do desenvolvimento de infra-estrutura, que é vital para a integração económica e o crescimento.
Relações Bilaterais e Multilaterais: O fortalecimento das relações bilaterais com os principais parceiros e a participação activa em organizações multilaterais, como a União Africana e as Nações Unidas, é essencial para a influência estratégica e o apoio de Angola no enfrentamento de questões continentais.
Gestão de Recursos e Práticas Sustentáveis: Aproveitar os recursos naturais de forma responsável enquanto se promove práticas sustentáveis é crucial para o desenvolvimento a longo prazo e a boa vontade internacional.
Combate à Corrupção: Esforços para combater a corrupção e garantir a transparência dentro do Governo são desafios importantes, porquanto esses factores continuam a impedir o progresso económico e afectar a imagem da nação internacionalmente.
ANGOP - O repto, nos dias actuais, tem sido a atracção do investimento, o que já tem sido possível por via diplomática. Há resultados visíveis?
TA - A atracção do investimento, através dos canais diplomáticos em Angola, mostrou, de facto, alguns resultados visíveis. Os esforços recentes da diplomacia angolana têm-se concentrado na estabilidade e na criação de um clima de investimento favorável. Isso foi amplamente marcado por várias conquistas como:
Aumento do Investimento Estrangeiro Direto (IED): Angola viu um aumento no investimento estrangeiro directo, particularmente em sectores não petrolífero, como agricultura, mineração e construção. Essa diversificação é um resultado directo dos esforços diplomáticos para mostrar Angola como um destino de investimento atraente.
Relações Internacionais Melhoradas: A diplomacia angolana forjou com sucesso relações mais fortes com vários países e organizações internacionais. Isso tem sido fundamental para garantir não apenas investimentos, mas também assistência técnica e parcerias de desenvolvimento.
Reformas Económicas: O governo angolano, com o apoio de seus compromissos diplomáticos, vem implementando reformas económicas. Essas reformas visam melhorar o ambiente de negócios, reduzir obstáculos burocráticos e aumentar a transparência, o que, por sua vez, aumenta a confiança do investidor.
Desenvolvimento de Infra-estruturas: Houve melhorias significativas nas infra-estruturas, parcialmente financiadas por investimentos estrangeiros. A infra-estrutura aprimorada é fundamental para manter o crescimento económico e atrair mais investimentos.
Maior Confiança do Investidor: Missões diplomáticas e eventos promocionais realizados em vários países ajudaram a aumentar a confiança entre os investidores em relação à estabilidade económica e ao potencial de crescimento de Angola.
Histórias de Sucesso e Projectos: Angola testemunhou histórias de sucesso em sectores como energia renovável e agricultura, em que empresas estrangeiras iniciaram projectos de grande escala. Esses projectos estão a ajudar a diversificar a economia e são vistos como resultados directos de uma diplomacia bem-sucedida.
Enquanto os desafios permanecem, os canais diplomáticos começaram a produzir resultados tangíveis e continuam a ser um elemento crucial na estratégia de Angola para atrair investimentos internacionais.
ANGOP - Como avalia o papel da diáspora no desenvolvimento de Angola e na promoção da imagem do país no estrangeiro?
TA - A diáspora angolana desempenha um papel significativo e multifacetado no desenvolvimento de Angola e no aprimoramento da imagem do país no cenário global. Aqui estão alguns pontos-chave que destacam as suas contribuições:
Contribuições Económicas: A diáspora contribui para a economia de Angola, principalmente por meio de remessas, que proporcionam um fluxo constante de moeda estrangeira que pode ser fundamental na estabilidade e no desenvolvimento financeiro do país. Esse apoio financeiro muitas vezes vai directamente para famílias e comunidades em Angola, melhorando os padrões de vida e promovendo o crescimento económico local.
Transferência de Conhecimento e Habilidades: Muitos membros da diáspora angolana estão equipados com habilidades e conhecimentos adquiridos a partir de experiências educacionais e profissionais no exterior. Ao retornar a Angola ou se envolver com o país de longe, eles podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades e inovação em vários sectores, como tecnologia, saúde e educação.
Oportunidades de Investimento: A diáspora muitas vezes serve como uma ponte para o investimento estrangeiro. Por meio de suas redes e compreensão dos mercados angolanos e internacionais, eles podem atrair investimentos para Angola, particularmente em sectores não petrólifero, como agricultura, infra-estruturas e energias renováveis.
Embaixadores Culturais: Os angolanos que vivem no exterior também desempenham um papel crucial na promoção da cultura e da diversidade angolanas. Através de festivais culturais, artes culinárias, música e artes, eles aprimoram a diplomacia cultural de Angola e melhoram a sua imagem no exterior, promovendo a compreensão e a apreciação da herança angolana em escala global.
Advocacia e Engajamento Político: A comunidade da diáspora pode influenciar favoravelmente as políticas externas em relação a Angola e defender reformas em Angola, aumentando a consciencialização nas plataformas internacionais sobre as necessidades e os desafios do país. O seu envolvimento em discussões sobre governança e democracia em casa pode estimular mudanças políticas importantes.
Redes e Parcerias: Ao alavancar redes internacionais, a diáspora pode facilitar parcerias e colaborações entre instituições e organizações angolanas no exterior, promovendo uma troca de ideias, tecnologias e conhecimentos.
No geral, a diáspora angolana é fundamental para moldar tanto o cenário de desenvolvimento de Angola quanto a sua imagem mundial, desde que as conexões com a Pátria sejam mantidas e apoiadas por políticas pragmáticas do Governo angolano.
ANGOP - A nível de África, um dos grandes desafios tem sido a pacificação da região leste da RDC, processo este que tem sido difícil. A que se deve isso?
TA - A pacificação da Região Leste da República Democrática do Congo (RDC) tem sido, de facto, um processo desafiador e complexo. Vários factores contribuem para as dificuldades enfrentadas para alcançar a paz e a estabilidade nesta região.
Conflitos Históricos e Questões de Legados: A área tem uma longa história de conflitos, com tensões decorrentes de legados coloniais, divisões étnicas e reivindicações sobre recursos. Isso deixou uma base frágil sobre a qual as iniciativas de paz devem ser construídas.
Presença de Grupos Armados: O leste da RDC é o lar de inúmeros grupos armados, tanto estrangeiros quanto nacionais, que alimentaram o conflito por décadas. Esses grupos muitas vezes operam com impunidade e estão envolvidos no comércio ilícito de minerais que financiam as suas actividades, tornando o desarmamento e a desmobilização altamente desafiadores.
Riqueza de Recursos e Competição: A região é rica em recursos naturais, incluindo ouro, coltan e diamantes, o que levou actores regionais e internacionais a se envolverem, muitas vezes com interesses concorrentes. Essa competição por recursos exacerba o conflito à medida que vários grupos disputam o controlo desses activos lucrativos.
Governança e Instituições Fracas: O Governo na RDC luta com estruturas e instituições de governança fracas. Isso limita a sua capacidade de fazer cumprir o estado de direito, prestar serviços e se envolver, efectivamente, em esforços de manutenção da paz.
Crise humanitária: A agitação contínua levou a uma crise humanitária significativa com populações deslocadas, abusos de direitos humanos e falta de serviços básicos, que desestabilizam ainda mais a região e complicam os esforços de paz.
Instabilidade Regional: Países vizinhos, como Rwanda e Uganda, tiveram envolvimento histórico no conflito da RDC. A diplomacia regional é crucial, mas muitas vezes tem sido marcada pela desconfiança, dificultando os esforços de paz cooperativos.
Envolvimento e Coordenação Internacional: A comunidade internacional, através de entidades como as missões de manutenção da paz das Nações Unidas, desempenha um papel vital. No entanto, a coordenação entre vários actores internacionais é complexa, e diferentes agendas podem retardar os processos de paz.
Em conclusão, a pacificação do leste da RDC é um desafio multifacetado que requer esforços coordenados do Governo congolês, dos actores regionais e da comunidade internacional. A paz sustentável deve abordar as causas profundas do conflito, promovendo o desenvolvimento económico, as reformas do sector de segurança e soluções de governança duradouras. Sem essa abordagem abrangente os esforços para a pacificação provavelmente enfrentarão interrupções e contratempos contínuos.
ANGOP - Senhor Ministro, sente que a comunidade internacional tem apoiado suficientemente, financeira e materialmente, os esforços de Angola?
TA - O apoio da comunidade internacional aos esforços de mediação de Angola entre o Rwanda e a República Democrática do Congo pode ser avaliado considerando os aspectos financeiros e materiais, bem como o apoio diplomático:
Apoio Financeiro e Material
Financiamento Internacional para Iniciativas de Paz: Várias organizações e países internacionais forneceram recursos financeiros para apoiar iniciativas de paz na região dos Grandes Lagos. No entanto, muitas vezes há uma questão de saber se esse financiamento atende suficientemente às complexas necessidades do processo de mediação, especialmente em termos de logística, segurança e iniciativas de engajamento directo facilitadas pelos diplomatas angolanos.
Capacitação e Logística: O apoio material, como assistência logística e programas de capacitação para mediadores de paz, desempenha um papel crítico. Angola poderia beneficiar-se de um maior apoio logístico para facilitar melhor o diálogo e conduzir negociações de paz, indicando uma área onde o apoio internacional poderia ser fortalecido.
Apoio Diplomático
Apoios das Nações Unidas e da União Africana: O apoio diplomático de órgãos internacionais como as Nações Unidas e a União Africana muitas vezes aumenta a legitimidade dos esforços de mediação de Angola. Relatórios sugerem que essas organizações geralmente endossam e incentivam os esforços de Angola.
Engajamento Bilateral das Principais Nações: Angola se beneficia do apoio diplomático de países influentes que têm interesses na estabilidade regional. Embora algumas nações forneçam activamente apoio diplomático, o alinhamento das agendas internacionais às vezes pode ser limitado.
Possíveis Lacunas no Suporte
Consistência nos Mecanismos de Apoio: A consistência e a sustentabilidade do apoio internacional poderiam ser melhoradas, garantindo que os esforços de Angola não enfrentem uma cessação abrupta devido à mudança de prioridades internacionais ou realocações de fundos.
Engajamento Holístico Além da Mediação: Além da mediação, o apoio à recuperação pós-conflito, ao desenvolvimento económico e à coesão social é essencial. Uma maior colaboração internacional nessas áreas pode fornecer a Angola ferramentas mais abrangentes para garantir uma paz duradoura entre o Rwanda e a RDC.
Em conclusão, embora a comunidade internacional tenha apoiado os esforços de Angola para mediar entre Rwanda e a RDC, ainda há áreas de melhoria, particularmente em apoio financeiro sustentado e uma abordagem internacional mais coordenada para complementar as iniciativas de paz de Angola.
ANGOP - Angola vai assumir em 2025 a presidência da União Africa e vai, digamos, herdar um continente com focos de instabilidade. Como o país se está a preparar para conseguir um mandato auspicioso?
TA - Angola vai assumir a presidência da União Africana (UA) em 2025 e, como em qualquer papel de liderança, enfrentará uma série de desafios, particularmente devido ao foco actual do continente na instabilidade em várias regiões. Para garantir um mandato bem-sucedido e auspicioso, Angola está a preparar-se em várias frentes:
Fortalecimento Diplomático: Angola está a intensificar os seus compromissos diplomáticos com outros Estados-membros da UA para construir alianças e cooperação. Isso envolve a participação em diálogos e estruturas que promovem a unidade e abordam desafios compartilhados.
Foco na Segurança e na Paz: Dada a importância da estabilidade, Angola está a priorizar os esforços de manutenção da paz e a mediação em conflitos regionais. Isso demonstra um compromisso em promover um ambiente seguro em África.
Planos de Desenvolvimento Económico: Angola planeia utilizar a sua presidência para promover a diversificação económica, reforçar projectos de infra-estruturas e promover o investimento em sectores críticos como a agricultura e a energia, que são vitais para o crescimento económico no continente.
Fortalecimento Institucional: Esforços estão em andamento para melhorar a capacidade institucional da UA para garantir respostas eficientes e eficazes às crises. Angola está a defender reformas para fortalecer a capacidade da UA de lidar com desafios emergentes e existentes.
Foco em Direitos Sociais e Humanos: Enfatizar questões sociais como saúde, educação e protecção dos direitos humanos é crucial. Angola está a preparar-se para abordar essas áreas para garantir o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos africanos.
Promoção da Integração Continental: Angola almeja avançar com a Área de Livre Comércio Continental Africana, promovendo a integração económica que se alinhe com a visão de uma África mais unida.
Parcerias Estratégicas e Apoio: Reforçar alianças com parceiros internacionais é uma estratégia fundamental para Angola, garantindo recursos e conhecimentos técnicos necessários para enfrentar desafios comuns, como mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.
Implementação Aprimorada de Políticas: O foco está em melhorar a coordenação e a implementação de políticas no nível da UA, garantindo que as iniciativas e decisões continentais beneficiem efectivamente os Estados-membros.
Ao realizar esses preparativos, Angola está a elaborar uma agenda proactiva e dinâmica para a sua presidência na UA. A sua capacidade de liderar acções colectivas e impulsionar iniciativas significativas será crucial para enfrentar a actual instabilidade do continente e avançar em metas de longo prazo de unidade e prosperidade em toda África.
ANGOP - Como vê a chamada "solução africana", no quadro da resolução desses conflitos?
TA - Os esforços liderados pela África para resolver conflitos dentro do continente forneceram várias lições valiosas que podem ser aplicadas a futuros desafios de paz e segurança tais como:
Importância das Organizações Regionais: Órgãos regionais como a CEDEAO e a União Africana provaram ser fundamentais na resolução de conflitos. A sua proximidade e compreensão cultural permitem que hajam de forma rápida e sensível. Eles desempenham um papel essencial na mediação e na manutenção da paz, sugerindo que capacitar ainda mais essas organizações poderia aumentar a sua eficácia.
Incorporação de Práticas Tradicionais: O uso de práticas tradicionais, como visto nos tribunais de Gacaca de Rwanda, destaca a importância de integrar mecanismos indígenas de resolução de conflitos. Essas práticas são muitas vezes mais identificáveis e aceitáveis para as comunidades locais, oferecendo soluções mais sustentáveis.
Abordagem Holística para a Resolução de Conflitos: Intervenções bem-sucedidas geralmente combinam estratégias militares, diplomáticas e socioeconómicas. Por exemplo, as recuperações da Libéria e de Serra Leoa foram apoiadas não apenas pelas forças de manutenção da paz, mas também pelos esforços para reconstruir instituições e promover o desenvolvimento económico.
Propriedade e Liderança Local: Os processos de paz têm uma chance maior de sucesso quando são liderados localmente. As nações africanas que se encarregam de sua resolução de conflitos enviam uma forte mensagem de propriedade, ajudando a construir confiança e legitimidade entre a população local.
Solidariedade Continental: O papel de outros Estados africanos no apoio à resolução de conflitos mostra o poder da unidade e da acção colectiva. A solidariedade entre as nações africanas pode levar a intervenções mais coordenadas e impactantes.
Adaptabilidade e Flexibilidade: Situações em zonas de conflito são muitas vezes fluidas, exigindo estratégias adaptáveis. As intervenções de pares lideradas pela África tendem a ter a flexibilidade de ajustar as abordagens em resposta às mudanças na dinâmica, um factor-chave para o seu sucesso.
Ênfase na Reconciliação e Cura: A paz a longo prazo é promovida pelo foco na reconciliação e na cura pós-conflito. Esforços que investem em processos de cura e reconciliação da comunidade, como os de Rwanda, criam um ambiente onde a paz pode ser sustentada.
Necessidade de Apoio e Colaboração Internacional: Embora liderados pela África, esses esforços se beneficiam significativamente do apoio internacional em termos de finanças, logística e experiência. Parcerias eficazes com a comunidade global ajudam a reforçar os esforços de paz sem ofuscar a liderança local.
Essas lições reforçam a ideia de que as soluções africanas devem continuar a evoluir para alavancar os pontos fortes regionais e as parcerias internacionais, ao mesmo tempo em que estão profundamente sintonizadas com o cenário cultural, político e social local.
ANGOP - Quais serão os pontos fortes do programa do mandato de Angola na União Africana?
TA - O apoio ao programa de mandato de Angola na União Africana é sustentado por várias etapas históricas e acções estratégicas que o país empreendeu, nomeadamente:
Resolução de Conflitos e Manutenção da Paz
Mediação em Conflitos Regionais: Angola tem um histórico de envolvimento em esforços de paz dentro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da região dos Grandes Lagos. A sua liderança na mediação de conflitos nessas áreas demonstra o seu compromisso com a paz e a segurança, o que se alinha com o foco do mandato.
Participação em Missões de Manutenção da Paz: Angola contribuiu com tropas e recursos para várias missões de manutenção da paz em toda a África, reforçando o seu papel como uma força estabilizadora no continente.
Iniciativas de Diversificação Económica
Políticas de Reconstrução e Desenvolvimento do Pós-Guerra: Após a sua guerra, Angola implementou políticas destinadas a reconstruir a infra-estruturas e diversificar a sua economia além da dependência do petróleo. Esses esforços incluem investimentos em indústrias de agricultura, telecomunicações e energias renováveis.
Projectos de Desenvolvimento de Infraestrutura
Planos Nacionais de Infraestrutura: O governo de Angola priorizou projectos de infra-estruturas, como estradas, pontes e redes de energia, que melhoraram a conectividade regional e a integração económica. Esses projectos estabelecem um precedente para iniciativas continentais semelhantes sob o mandato da UA.
Esforços de Desenvolvimento Sustentável
Conservação Ambiental: Angola tomou medidas para abordar questões ambientais, como participar de iniciativas para combater a desertificação e promover o reflorestamento.
Programas de Energia Renovável: Investimentos recentes em projectos de energia solar e eólica destacam o compromisso de Angola com o desenvolvimento sustentável, tornando-a líder na transição para soluções de energias mais ecológicas no continente.
Governança e Reformas
Reformas Institucionais e Melhorias de Governança: Angola realizou reformas significativas para melhorar a governança, reduzir a corrupção e melhorar a transparência, criando uma base sólida para promover reformas semelhantes dentro da UA.
Programas de Desenvolvimento Social
Melhorias na Saúde e na Educação: Angola investiu na melhoria dos sistemas de saúde e educação, abordando as necessidades sociais vitais para o desenvolvimento humano e alinhando-se com os objectivos mais amplos da presidência da UA.
Engajamento Diplomático e Liderança
Papel activo nas organizações regionais: Angola tem sido um membro proactivo das organizações regionais, o que fortaleceu seus laços diplomáticos e influência em África. Essa experiência posiciona Angola bem para liderar iniciativas durante a presidência da UA.
Essas medidas históricas fornecem uma base sólida para a agenda estratégica de Angola durante a sua presidência da União Africana, mostrando as suas capacidades de liderança e compromisso em enfrentar os principais desafios enfrentados pelo continente.
ANGOP - Outro marco importante para 2025, ano em que o país assinala 50 anos, é o acolhimento da Cimeira de Negócios EUA/África. O que representa para Angola organizar este evento?
TA - Sediar a Cúpula de Negócios EUA/África em 2025 ressalta o papel emergente de Angola como líder regional e influenciador de várias maneiras:
Engajamento Diplomático: Ao organizar este evento de alto perfil, Angola demonstra o seu papel activo na promoção do diálogo e da colaboração não apenas entre os EUA e a África, mas também entre as próprias nações africanas. Isso posiciona Angola na vanguarda das discussões continentais sobre parcerias económicas e estratégicas.
Defesa da Paz e da Estabilidade: Como anfitrião, Angola pode enfatizar o seu compromisso com a paz e a estabilidade regionais. Os recentes esforços de Angola na mediação de conflitos em regiões vizinhas mostram as suas capacidades de liderança na promoção da segurança e na promoção de um ambiente estável propício ao comércio e ao investimento.
Campeão da Integração Económica: Angola pode alavancar a cúpula para defender uma integração económica mais profunda em África, incluindo a promoção da Área de Livre Comércio Continental Africana. Esta postura apoia a cooperação económica regional e o crescimento colectivo, reforçando a reputação de Angola como unificador.
Vitrine de Reformas Económicas: Ao destacar as suas reformas económicas e conquistas de desenvolvimento, Angola dá um exemplo para outras nações africanas que se esforçam para a diversificação económica e o crescimento sustentável. Isso posiciona Angola como um modelo na utilização de recursos naturais para estimular um desenvolvimento económico mais amplo.
Compromisso com o Desenvolvimento Sustentável: Sediar a cúpula permite que Angola destaque as suas iniciativas para o desenvolvimento sustentável e a gestão responsável de recursos, mostrando liderança no equilíbrio do crescimento económico com a gestão ambiental.
Plataforma de Advocacia: Angola pode usar esta plataforma internacional para defender os interesses africanos em fóruns económicos globais, reforçando assim a sua posição como uma voz significativa para o continente no cenário mundial.
Através dessas acções, Angola pode, efectivamente, fortalecer o seu papel de liderança em África, promovendo a unidade regional e defendendo políticas que beneficiem um cenário económico e político mais amplo do continente.
Através destas acções estratégicas, Angola pretende consolidar o seu papel de liderança em África, com o compromisso de promover a unidade regional e o avanço de políticas que reforcem o cenário económico e político do continente. A abordagem de Angola abrange várias iniciativas, como:
Desenvolvimento de Infra-estruturas: Angola poderia liderar projectos de grande escala que conectem as nações africanas, aumentando o comércio regional e a mobilidade. Esse desenvolvimento não apenas facilita a integração económica, mas também posiciona Angola como um hub central para a conectividade africana.
Mediação e Manutenção da Paz: Ao sediar cúpulas de paz e se envolver activamente na resolução de conflitos, Angola pode se estabelecer como um mediador de confiança na resolução de disputas africanas. Isso sublinhará a sua dedicação em promover um continente estável e pacífico.
Iniciativas de Energia Renovável: Com a mudança climática sendo uma questão premente, Angola pode liderar, por exemplo, adoptando e promovendo projectos de energias renováveis. Isso não apenas aborda as preocupações ambientais, mas também incentiva outras nações a seguir o exemplo, aumentando a imagem de Angola como um líder com visão de futuro.
Estabelecimento de Zonas Económicas: Colaborar com países vizinhos para estabelecer zonas económicas compartilhadas promoveria a integração e o desenvolvimento económico. Essas zonas podem atrair investimentos estrangeiros e servir como catalisadores para a prosperidade regional.
Conferências Internacionais sobre Desenvolvimento: Ao sediar conferências globais focadas no desenvolvimento africano, Angola pode destacar a sua postura proactiva sobre questões continentais. Esses eventos fornecem uma plataforma para o diálogo e a colaboração, cimentando ainda mais o papel de Angola como líder na condução da África em direção ao crescimento e à unidade sustentáveis.
ANGOP - Que resultados se esperam?
TA - Os resultados previstos para as iniciativas estratégicas de Angola na promoção da unidade regional e no avanço das agendas económicas e políticas em África são multifacetados:
Unidade e Estabilidade Regional
Relações Diplomáticas Aprimoradas: Laços fortalecidos com países vizinhos e outras nações africanas, promovendo uma atmosfera cooperativa.
Redução de Conflitos: Diminuição da incidência de conflitos através de esforços eficazes de mediação e manutenção da paz, promovendo a estabilidade a longo prazo.
Crescimento Económico e Investimento
Aumento do Investimento Estrangeiro: Angola se estabelece como um centro-chave em África, atraindo investimentos em diversos setores além do petróleo, promovendo a diversificação económica.
Desenvolvimento Sustentável: Iniciativas em energias renováveis e infra-estruturas contribuem para um crescimento económico estável e ambientalmente responsável.
Melhorias Socioeconómicas
Taxas de Emprego Mais Altas: Projectos de infra-estruturas e zonas económicas criam oportunidades de emprego, melhorando os padrões de vida.
Condições de Vida Aprimoradas: O crescimento socioeconómico se traduz em melhores serviços públicos, educação e saúde.
Presença Global Melhorada
Maior Influência em Fóruns Globais: O papel proactivo de Angola e a realização de conferências internacionais reforçam a sua reputação como líder abordando questões africanas.
Aumento das Parcerias Diplomáticas: Relações diplomáticas mais fortes e colaboração com parceiros globais aumentam a influência estratégica de Angola internacionalmente.
Impactos Económicos Regionais
Impulso no Comércio Regional: O desenvolvimento de infra-estruturas facilita rotas comerciais eficientes, reduzindo custos e aumentando o movimento de mercadorias.
Expansão do Mercado: Novas rotas comerciais e conectividade aprimorada, acesso aberto aos mercados regionais, promovendo a integração económica e o crescimento.
ANGOP - Muito obrigado, senhor Ministro, por esta entrevista. Auguramos que continue a manter esse dinamismo e a ajudar a projectar o nome de Angola para o mundo através da diplomacia. Feliz Dia da Dipanda!
Pequenas notas biográficas
O ministro das Relações Exteriores, Téte Antonio, nasceu em 22 de Janeiro de 1955, na província do Uige.
É mestre em Relações Económicas Internacionais pela Universidade de Kiev, Ucrânia, e licenciado em Diplomacia Preventiva pela Universidade de Columbia, Nova Iorque, Estados Unidos da América.
Experiência Governativa
De 2020 à presente data - Ministro das Relações Exteriores;
2017 - 2020 - Secretário de Estado para as Relações Exteriores;
Representante da União Africana Junto das Nações Unidas em Nova Iorque
Ministro conselheiro na Missão Permanente da República de Angola junto das Nações Unidas, em Nova Iorque;
2003 - 2004 - Membro da delegação angolana no Conselho de Segurança da ONU;
2004/2005 – Conselheiro do presidente da 59ª Sessão da Assembleia Geral da ONU;
Representante da União Africana Junto das Nações Unidas em Nova Iorque;
1999/2002 - Director de Gabinete do Vice-Ministro das Relações Exteriores
Fala Inglês, francês, russo, espanhol, kikongo e lingala. FMA/IZ