Lubango – Dois dos três suspeitos de envolvimento no assassinato do missionário norte-americano, Beau Shroyer, de 44 anos, há uma semana, na Huíla, Sul de Angola, foram apresentados hoje, quinta-feira, na capital desta província, a cidade do Lubango, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), que revelou detalhes da brutalidade.
No acto esteve ausente, por alegadas razões de saúde, a esposa da vítima, Jakclyn Shroyer, também de 44, e detida como autora moral do crime.
A mulher e o ajudante da residência do casal, supostamente seu amante, foram detidos a partir do quarto dia após ao crime, na sequência de horas de interrogatório, enquanto um dos autores material acabou detido no Cunene, na terça-feira, 05, quando se preparava para transpor a fronteira Angola-Namíbia. O terceiro suspeito ainda esta a monte.
Ao falar do caso, o porta-voz do SIC nacional, superintendente de investigação criminal, Manuel Halaiwa, afirmou que nas motivações do crime estarão “fortes suspeitas de um relacionamento amoroso entre a mandante e o comparsa dela, o guarda da residência do casal”.
Acrescentou ser o móbil uma presumível intenção da esposa não querer sair de Angola, quando a misão do marido tinha terminado, dado que teria criado alguns projectos no município da Humpata, onde ocorreu o homicídio.
O Explicou que o SIC tomou conhecimento da existência de um cadáver do cidadão na localidade de Thienjo, na Palanca, no pretérito dia 25 de Outubro, com todos os pertences no local, onde estavam binóculos, chapéu e outros, assim como a esposa “consternada”.
Disse que terminado o período pericial, o SIC despoletou um processo-crime que deu lugar a várias investigações, a começar pelas declarações da esposa encontrada no local.
Fruto do trabalho de investigação, ressaltou ter sido identificado o cidadão Bernardino Isaac Elias, de 24 anos, segurança da residência do casal, residente no bairro da Mapunda, um dos suspeitos nesta acção criminal que terá contratado, por orientação da mandante, Isalino Musselenga Kayôo "Vin Diesel", de 23 anos.
Um outro suspeito de autoria material, identificado Gelson Guerreiro Ramos, de 22 anos, está em fuga, tratando-se de um condenado a 13 anos de prisão no processo de sequestro e tentativa de homicídio no “Caso Miss Huíla2018, mas solto por força do recurso interposto pelo advogado. (ler qui: https://angop.ao/noticias/sociedade/miss-huila-2018-detida-por-suposto-envolvimento-em-grupo-de-marginais).
Todos suspeitos, com excepção da viúva, têm passagem pela Polícia Nacional por crimes de roubo com recurso à arma de fogo e rapto, segundo Manuel Halaiwa, por isso teriam sido solicitados para executar o cidadão norte-americano.
Execução paga por 50 mil dólares
Segundo Manuel Halaiwa, Elias, conhecendo a prática de Isalino, aliciou-o para executar a tarefa a troco de dinheiro, quando já estava salvaguardado um montante total de 50 mil dólares norte-americano, que começou com 400 dólares para os actos preparatórios e mal consumassem receberiam nove mil.
Três dias antes do crime, disse o oficial criminal, a “mandante”, foi com o cidadão o segurança (Elias) até ao local do crime, para conhecer o local para onde atrairia o marido, sítio inóspito e com fraca frequência de pessoas.
No dia do crime, continuou, os suspeitos alugaram uma viatura numa rent-a-car de cor azul, de marca Beijing com uma diária por 52 mil kwanzas e foram até ao local e simularam uma avaria e depois agiram quando a mulher colocou-se mata a dentro, supostamente para urinar.
As investigações do SIC indicam a presença de um terceiro suspeito, identificado por "Marcos" por um dos suspeitos, para além de Isalino e o Gelson, cuja identidade ainda não foi apurada, segundo o porta-voz, que após consumado o homicídio procuraram por Elias e dele receberam os nove mil dólares, devolveram o veículo e alugaram outra para viajar até o Namibe, tendo regressado ao Lubango e depois tomado rumos diferentes.
Os três detidos têm a prisão preventiva decretada por um juiz de garantias.
Manuel Halaiwa frisou que a embaixada americana está a acompanhar, por via da direcção-geral do SIC, o processo, tendo, também, sido encetados contactos com os outros familiares.
Com provas, disse, foi apreendida a viatura usada na consumação do acto criminoso, a arma do crime (uma faca dos Estados Unidos que a vítima teria ofertado a Elias) e ainda quatro milhões e 500 mil kwanzas.
Antecedentes criminais dos suspeitos
Isalino, de 23 anos, reside no bairro da Mapunda e tem passagem pela Polícia, saído da cadeia em Junho último, onde cumpriu uma pena de dois anos, por crimes de roubo e ameaças com arma de fogo.
O Gilson, residente na comuna da Huíla (Lubango) tem um amplo histórico criminoso e estava em liberdade, mas com uma sentença condenatória de 13 anos de prisão suspensa após recurso, ele é um dos envolvidos no “caso Miss Huíla20218”.
Elias, o “guarda-amante” também já tem passagem pela PN, envolvido num crime de roubo de motorizada em 2018, tendo conhecido o Isalino nessa acção criminosa.
O casal, juntos há 20 anos, estava em missão missionária em Angola há três anos, e vivem em Angola com os seus cinco filhos, inicialmente residiam na Senhora do Monte e posteriormente mudaram-se para o condomínio da Mitcha, bairro com o mesmo nome. EM/M