Teerão - O Irão disse hoje, quarta-feira, que já entregou os documentos que esclarecem as dúvidas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) sobre a origem dos vestígios nucleares em vários locais não declarados pelo país, anunciou fonte oficial iraniana.
"Os documentos necessários foram entregues em 20 de Março e os representantes da Agência provavelmente virão ao Irão para rever as questões e respostas", revelou o chefe da Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI), Mohamad Slavami, em declarações transmitidas pela agência de notícias oficial IRNA.
As autoridades iranianas e a AIEA concordaram, durante a visita a Teerão do director-geral da agência da ONU para o nuclear, Rafael Grossi, em resolver as dúvidas sobre material não declarado em solo iraniano.
O objectivo é que Grossi apresente as suas conclusões ao Conselho de Governadores da AIEA, que começa em 6 de Junho.
Slav explicou que as incógnitas levantadas pela AIEA eram sobre "quatro locais" no Irão, já foram esclarecidas dúvidas sobre um deles e subsistiam dúvidas sobre os outros três locais.
O entendimento entre a AIEA e o Irão abre caminho ao restabelecimento do pacto nuclear de 2015, que limitou o programa nuclear do Irão, destinado a impedir que Teerão tenha capacidade para obter uma bomba atómica, em troca do levantamento das sanções económicas.
Esse pacto ficou em causa depois de, em 2018, o então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ter abandonado unilateralmente e retomado as sanções contra o Irão. Em sequência, Teerão começou a renunciar ao pacto e acelerou os seus esforços nucleares e o enriquecimento de urânio.
Desde Abril de 2021, com o objectivo de salvar o pacto nuclear, realizaram-se negociações em Viena entre o Irão e a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, com a participação indirecta dos Estados Unidos.
Em Fevereiro, parecia que as negociações tinham chegado ao ponto de ser assinado um acordo, mas durante algumas semanas tudo ficou paralisado, uma vez que tanto o Irão como os EUA sublinham que ainda há questões fundamentais a resolver que exigem a vontade e a decisão política da outra parte.