Tripoli - Um responsável político das Nações Unidas avisou hoje que a Líbia poderá de novo confrontar-se com dois governos rivais e o regresso da instabilidade, apelando à rápida convocação de eleições para unificar o país.
A subsecretária-geral Rosemary DiCarlo manifestou no Conselho de Segurança da ONU o seu apoio a uma iniciativa da organização para a formação de um comité conjunto com representantes das rivais Câmara dos Representantes (parlamento) e Alto Conselho estatal, com o objectivo de alcançar um acordo entre os dois órgãos "numa base constitucional que conduza a eleições este ano".
A crise emergiu após a Líbia ter fracassado na realização das suas primeiras eleições presidenciais a 24 de Dezembro de 2021, no âmbito dos esforços de reconciliação da ONU.
O parlamento, estabelecido no leste do país norte-africano rico em petróleo, designou um novo primeiro-ministro, Fathi Bashagha, que ocupava a pasta do Interior, para dirigir um novo governo interino em fevereiro.
Os deputados consideram que o mandato do primeiro-ministro interino Abdul Hamid Dbeibah, sediado em Tripoli, expirou após o falhanço das eleições presidenciais.
Dbeibah insiste que vai permanecer no cargo até à realização das eleições, e o Alto Conselho, que aconselha o governo interino, considerou "incorreta" a designação de um novo primeiro-ministro antes da convocação do escrutínio.
DiCarlo indicou ainda que a enviada especial da ONU para a Líbia, a diplomata norte-americana Stephanie Williams, se ofereceu para mediar entre Dbeibah e Bashagha para "ultrapassar o atual impasse político" e evitar a consumação da divisão do país.
A Líbia mergulhou no caos após uma rebelião armada interna em 2011 apoiada pela OTAN que derrubou o governo de Muammar Kadhafi.
Desde então, e na sequência de uma guerra civil com envolvimento internacional, o país tem estado dividido entre duas administrações rivais, no leste e oeste do país, ambas apoiadas por milícias armadas e governos estrangeiros.