Luanda – A Televisão Pública de Angola (TPA), a TV Zimbo e a UNITA colocaram, esta quinta-feira, fim ao “braço de ferro” surgido na sequência dos actos de intimidação e tentativas de agressão perpectrados contra jornalistas dos dois órgãos.
O entendimento entre as partes foi alcançado durante um encontro promovido pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), em que se apontou o diálogo como o principal instrumento para a resolução do diferendo que opunham os dois canais televisivos e o partido UNITA.
Os dois canais televisivos haviam imposto um black out contra o partido UNITA exigindo um pedido de desculpas públicas pelos acontecimentos registados a 11 de Setembro contra os profissionais escalados para a cobertura de uma marcha realizada pelo referido partido político.
Durante a marcha, que visou exigir eleições transparentes em 2022, militantes e simpatizantes da UNITA insurgiram-se contra profissionais da TPA e da TV Zimbo impedindo-os de cobrir o acto.
Segundo o secretário de Estado da Comunicação Social, Nuno Caldas, o diálogo franco e aberto tornou-se na melhor via para se adoptar uma postura de proximidade e interacção, ponto mais viável para a resolução dos problemas que se registam nos últimos 5 anos.
Para Nuno Caldas, nesta fase e momento sensível, os órgãos de comunicação social desempenham um papel preponderante e insubstituível na construção e consolidação do estado democrático e de direito, servindo como mediadores do estado social, político e económico.
Apelou aos órgãos para assegurar a concretização de um direito constitucional de informar e formar os cidadãos, sem distinção dos partidos, dando o devido tratamento as acções promovidas pelas formações políticas e pela sociedade civil.
“O ministério é apenas um órgão político e que não interfere na linha editorial dos órgãos da comunicação social público ou privados. Eles se regem nos termos da Lei Constitucional, sem existir o chamado ordens superiores. Mas ainda assim apelamos a um trabalho árduo e plural”, referiu.
Garantiu que o MINTTICS assegura o seu apoio a todos os órgãos, tanto públicos como privados no que toca a preservação e garantia dos direitos dos jornalistas.
Já o secretário-geral da UNITA, Álvaro Daniel, garantiu que o seu partido vai privilegiar o diálogo para que actos do género registados no dia 11 do corrente mês não se repitam.
Álvaro Daniel afirmou que os órgãos de comunicação social e os partidos políticos devem trabalhar para a estabilidade, assumindo os compromissos que têm com a sociedade.
Para o político, numa altura em que o país comemora 46 anos da independência, tudo deve ser visto com maior maturidade para o bem-estar das populações.
“As pessoas devem estar num ambiente tranquilo e de aceitação das diferenças e debates de ideias abertos para se desenvolver o país nas várias vertentes”, frisou.
Para o político, algumas questões legais foram ignoradas, fundamentalmente o direito e a liberdade a informação, o tratamento por igual para todos os partidos políticos.
“Caminhamos para as eleições e também para o vigésimo ano desde o alcance da paz e isso deve representar estabilidade económica, social, bem como emocional. Não devemos viver em ambientes tumultuosos, por isso esperamos e estamos dispostos a trabalhar com as duas emissoras sempre que necessário”, asseverou.
Enalteceu a acção do MINTTICS, por, no seu entender, ouvir ambas as partes, apelando, por outro lado, aos órgãos de defesa e segurança a estarem sempre presentes e preparados para os eventos que congreguem multidões para garantir a segurança e preservar a vida dos profissionais e cidadãos civis.
A propósito, o Presidente da República, João Lourenço, apelou, na quarta-feira, em Ndalantando, ao diálogo entre para a resolução do diferendo entre as partes.
Segundo o Chefe de Estado, que reagia ao “black out” imposto pelas duas empresas àquele partido, a “guerra de comunicados” não ajuda e faz aumentar a tensão.
João Lourenço disse que os responsáveis políticos do país devem evitar esse tipo de fricções e sublinhou que a resolução passa por um diálogo entre as partes.