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Falta de pasto desestimula criação de gado em grande escala no Cavaco

     Economia              
  • Benguela • Sexta, 08 Novembro de 2024 | 17h02
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Gado bovino (Arquivo)
Gado bovino (Arquivo)
Morais Silva - ANGOP
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Fazendeiro Raúl Galvão
Fazendeiro Raúl Galvão
José Honório

Benguela – A falta de pasto que afecta o vale agrícola do Cavaco, na província de Benguela, está a condicionar a aposta dos agricultores/pecuaristas na criação de gado bovino em grande escala, apurou, nesta sexta-feira, a ANGOP.

O vale do Cavaco, o “celeiro “ de Benguela no que à produção de banana diz respeito, tem pouco mais de três mil e 500 hectares, contra os quase seis mil de outrora, fruto da invasão do cimento nas áreas agrícolas.

Esse cenário que se vive na agro-pecuária, nas últimas décadas, está a preocupar os agricultores familiares do vale do Cavaco, principalmente a Cooperativa Agro-pecuária Ondjali, segundo o seu presidente, Raúl Galvão.

Conforme Raúl Galvão, as construções desordenadas atingiram de tal maneira as áreas de produção agro-pecuária, que nesse momento há uma gritante escassez de pasto no Cavaco.

Ele assinala que esta situação impede os agricultores de apostarem fortemente na criação de animais, como gado bovino, ovino, caprino e suíno e, por conseguinte, na produção de carne para o consumo da população.

“No Cavaco já não temos mais área de pasto. Antigamente havia muito pasto, mas hoje foi invadido pelo betão”, explica Raúl Galvão, reforçando que há poucas alternativas para alimentar o gado naquela zona.

Perante esta situação que assola os agricultores familiares, fez saber que os poucos animais existentes no vale do Cavaco estão confinados nas fazendas, onde a produção de milho ajuda a minimizar sobremaneira o quadro.

É que, como disse, a produção de milho não pode faltar no vale agrícola do Cavaco, sob pena de comprometer a sobrevivência dos animais, uma vez que não há pasto.

 “Agora, imagina um produtor sozinho ter mil cabeças, aqui, no vale do Cavaco (…). É difícil, porque o betão ocupou o espaço da pecuária”, lamenta Raúl Galvão.

Segundo ele, actualmente, as construções anárquicas atingiram quase o monte Sauwa, estando tudo ocupado com moradias, o que cria bastantes dificuldades em termos de pasto para o gado.

“Estão lá obras desordenadas e centenas de famílias a morar. Tivemos que diminuir o número do efectivo bovino nos últimos tempos no vale agrícola do Cavaco”, admitiu.

Transferência

Indicou que todo o agricultor do vale do Cavaco tem animais em sua propriedade. Por exemplo, só a Cooperativa Agro-pecuária Ondjali controla mais de mil cabeças de gado bovino e mais de dois mil caprinos, além de porcos e galinhas.  

De igual modo, dá conta de que alguns pecuaristas do vale do Cavaco transferiram-se para outras áreas como a Talamandjamba ou até para outros municípios como Caimbambo, Chongoroi, Cubal e Ganda, onde há pasto.  

Raúl Galvão deixa claro que a aquisição quer dos animais, quer das variedades, não é um problema para os agricultores do vale, mas, muito pelo contrário, é mesmo a falta de pasto.

Igualmente contou que, por vezes, os agricultores fazem permuta de palha com gado com seus vizinhos pecuaristas.

Seguro do agricultor

Por outro lado, Raúl Galvão fez saber que, devido à incerteza e risco que atingem a produção agrícola, os animais acabam por ser uma fonte de rendimento para os agricultores e, por isso, dificilmente eles vendem.

“Agora, tivemos a queda do feijão. Os agricultores tiram as suas cabeças para recuperar os prejuízos financeiros”, acrescentou, afiançando que neste momento a aposta é no milho e o gado ajudou nesse quesito.

No fundo, defendeu, cada agricultor do vale do Cavaco tem o seu gado como um seguro contra os riscos que o sector enfrenta, desde as alterações climáticas até às oscilações do mercado dos insumos agrícolas.

Por isso, considera que, de momento, é prematuro falar em produção de carne ou de laticínios no vale agrícola do Cavaco, dadas as dificuldades de expandir a criação animal.

Aproveitou ainda a ocasião para chamar a atenção das autoridades para a tomada de medidas urgentes, de maneira a travar o avanço do betão nas áreas agrícolas. JH/CRB 

 





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