Luanda - A encarregada de Negócios da Embaixada da Zâmbia em Angola, Roster Mubita Namakau, considerou o Corredor do Lobito um projecto infra-estrutural muito significativo, que irá potenciar a conectividade na região sul de África.
Em entrevista concedida quinta-feira à ANGOP, a diplomata destacou as potencialidades do Corredor do Lobito e reiterou o compromisso do seu país na captação de investidores nacionais e estrangeiros para o projecto.
Afirmou que para uma operacionalização bem sucedida é necessário um esforço concertado dos principais Estados intervenientes, cujo objectivo é promover o desenvolvimento sustentável, a criação de emprego, a inclusão social e a diversificação económica.
“A Zâmbia tem estado envolvida com as partes interessadas e parceiros de cooperação na implementação do corredor do lobito, tais como o Banco Mundial, a UE, o Banco Africano de Desenvolvimento, bem como na cooperação financeira de África e é tudo coordenado pelo secretário zambiano para a SADC”, disse.
Segundo a diplomata, o Banco Mundial também concordou em financiar projectos que envolvem o corredor, como estudos de viabilidade logística, entre outros.
Questionada sobre os principais benefícios, a diplomata reafirmou que estes serão para “todos os três Estados-membros (Angola/RDC/Zâmbia), directamente, desde a criação de novos postos de trabalho, diversificação da economia, escoamento rápido de minerais, ao rápido desenvolvimento da região”.
“É um projecto inclusivo porque todos os intervenientes relevantes estão envolvidos, começando pelos líderes cívicos, organizações da sociedade civil, comunidade empresarial e cidadãos em geral. Abraça todos”, sublinhou.
Sem entrar em detalhes, Roster Mubita Namakau afirmou que a Zâmbia já conta com um Plano Director para o corredor, mencionado na reunião realizada em Benguela, no início de Abril deste ano, pelos representantes dos três Estados.
Em 2023 foi assinado um Acordo Tripartido entre Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, para dinamizar a circulação de mercadorias e promover a mobilidade dos cidadãos, ao longo do Corredor do Lobito.
Os ministros dos Transportes de Angola e da Zâmbia, Ricardo Viegas D'Abreu e Franck Tayali, respectivamente, e o embaixador da República Democrática do Congo em Angola, Kalala Constantin, em representação do governo do seu país, assinaram o Acordo Tripartido, que cria a Agência para a Facilitação do Transporte de Trânsito do Corredor do Lobito (LCTTFA - sigla inglesa).
Esta parceria vai permitir que os países sem saída para o mar na região, nomeadamente a Zâmbia e a RDC, utilizem, sem constrangimentos, as infra-estruturas de logística e de transporte do Corredor do Lobito, que engloba o Porto do Lobito e o Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), para escoar mercadorias exportáveis.
A circulação de minerais, como cobre e cobalto, a partir das ricas zonas mineiras de Katanga (RDC) e Copperbelt (Zâmbia), até ao Porto do Lobito, onde serão exportadas para o mercado internacional, irá potenciar o comércio transfronteiriço, o que resultará no aumento das receitas aduaneiras para Angola.
Com a gestão privatizada, por um período de 30 anos, através do consórcio “Lobito Atlantic Railway”, formado pelas empresas Vecturis, Trafigura e Mota Engil, o Corredor do Lobito abrange o Porto do Lobito, o Terminal Mineiro e o Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), cuja ferrovia estende-se actualmente por mil 344 quilómetros de extensão, até ao Luau, no Moxico.
Em Angola, o Corredor liga 40 por cento da população do país e estão a decorrer vários investimentos de grande envergadura na agricultura e comércio nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, regiões atravessadas pelo CFB.
No plano bilateral, as relações de amizade e cooperação entre Angola e a Zâmbia, dois países fronteiriços, duram há mais de 40 anos, e são consideradas boas, abrangendo as áreas político-diplomáticas, Defesa e Segurança, Transportes, Educação, Saúde, Agricultura, Geologia e Minas, além das relacionadas com a Comunidade de Desenvolvimento de África Austral (SADC). CF/ADR