Washington (Dos enviados especiais) – O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, apresentou esta quarta-feira, em Washington, a nova estratégia do seu país para o relançamento da cooperação económica, comercial e diplomática com África.
Ao intervir no Fórum de Negócios, que marcou o ponto alto do segundo dia da Cimeira de Líderes EUA-África, o estadista indicou as áreas prioritárias para os novos investimentos no continente, e destacou a importância da parceria estratégica com os africanos.
Joe Biden falou aos seus homólogos sobre os recursos disponíveis e necessários para apoiar projectos em África, particularmente nos sectores da agricultura, saúde, energia e águas, das alterações climáticas, do empreendedorismo e das telecomunicações.
Conforme o estadista, os EUA mobilizaram, de forma colectiva, 600 biliões de dólares para investir nos próximos cinco anos, sublinhando que, para a África Subsariana, está destinado um investimento de 100 milhões de dólares para aumentar o acesso à energia limpa.
De acordo com o Presidente norte-americano, 370 milhões de dólares serão investidos em novos projectos, dos quais 20 milhões para financiar a produção e compra de fertilizantes.
Adiantou que outros 10 milhões serão disponibilizados para apoiar pequenas e médias empresas, e melhorar o acesso à água potável.
Em relação à inovação e ao empreendedorismo em África, o Presidente Biden disse que o seu país pretende investir pelo menos 350 milhões de dólares, para assegurar o processo de transformação digital.
Anunciou, por outro lado, que o Sisco Systems e a Saubastian, uma pequena empresa da diáspora, reservaram 800 milhões de dólares para novos contratos com países africanos.
Segundo o anfitrião da Cimeira de Líderes EUA-África, a multinacional Visa dispõe de um bilião de dólares para expandir as suas operações em África, inclusive mais serviços de telemóveis para empresas pequenas e de médio porte, nos próximos cinco anos.
Já a GE Extended Bank fornecerá 80 milhões de dólares para melhorar os serviços de saúde e o acesso a equipamentos clínicos de primeira linha.
Em termos concretos, o Presidente norte-americano afirmou que o seu país estima investir 15 mil milhões de dólares em novos negócios, para melhorar a vida dos africanos, investimentos de longo prazo, que, do seu ponto de vista, trarão benefícios às populações locais.
Benin e Níger assinam acordo regional
Entretanto, o segundo dia da Cimeira de Líderes EUA-África ficou, igualmente, marcado pela assinatura de um acordo regional entre o Benin e o Níger, "apadrinhado" por empresas dos EUA.
Trata-se do primeiro programa regional da Millennium Challenge Corporation (MCC), virado para o sector dos transportes, com um investimento global de 504 milhões de dólares.
O Pacto de Transporte Regional Benin-Niger foi concebido para reduzir os custos de transporte ao longo do corredor entre o Porto de Cotonou, no Benin, e a capital do Níger, Niamey.
Para tal, a MCC investirá 202 milhões no Benin e 302 milhões no Níger, sendo que cada um desses investimentos será apoiado por contribuições de 15 milhões dos governos de Benin e Níger.
Estima-se que o investimento beneficie quase 1,2 milhão de pessoas.
A iniciativa integra dois projetos principais: o de Infraestrutura do Corredor e o Projecto de Operações Eficientes do Corredor.
O Projecto de Infraestrutura visa reduzir os custos operacionais dos veículos e aumentar a velocidade de deslocamento, melhorando 210 quilômetros de estradas, levando a um trânsito mais rápido e eficiente de mercadorias entre os mercados e ao longo do corredor.
Isso inclui a reabilitação e actualização de aproximadamente 83 quilômetros de estradas entre as cidades de Bohicon e Dassa, no Benin, e a reabilitação e actualização de aproximadamente 127 quilômetros de estradas entre as cidades de Niamey e Dosso, no Níger.
O projecto também inclui a implementação de políticas e reformas institucionais necessárias para ajudar cada um dos governos a realizar melhor a manutenção periódica das estradas
Já o Projecto de Operações do Corredor Eficiente visa reduzir os custos de transporte ao longo do corredor de transporte de Niamey a Cotonou, implementando reformas destinadas a impactar e melhorar a eficiência das operações do sector de frete de caminhões.
Isso implica abordar o gerenciamento de carga por eixo, revisão regulatória e capacitação, regulamentação de veículos de carga e a organização e estabelecimento de uma autoridade de corredor.
O acordo foi assinado na presença do Presidente do Benin e do Níger, Patrice Talon e Mohamed Bazoum, respectivamente, da diretora executiva da MCC, Alice Albright, assim como do Secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Antony Blinken.
De acordo com Blinken, o pacto assinala um significativo avanço do comércio bilateral entre os Estados Unidos e a África Ocidental.
"Estamos entusiasmados em lançar essas novas parcerias com vocês hoje", disse, sublinhando que "os corredores que permitem mover os produtos entre o Níger e o Benin formam uma base crítica para os negócios e também para os meios de subsistência''.
Conforme o governante, os projectos apresentarão as marcas das parcerias americanas, serão transparentes, de alta qualidade, e prestarão contas às pessoas a quem pretendem servir.
Quando forem concluídos, esses projetos tornarão mais rápido e seguro o transporte de mercadorias ao longo das estradas e através das fronteiras, conectando o Benin e Níger a mercados maiores e de maiores oportunidades, visando mobilizar este tipo de investimentos.
A passagem da fronteira Benin-Níger é, segundo dados disponíveis, uma das mais movimentadas entre países costeiros e sem litoral na região, com uma média de aproximadamente mil veículos por dia.
De acordo com a responsável da MCC, Albrigt, "conectar mercados regionais africanos vibrantes é uma peça fundamental de uma estratégia mais ampla e inclusiva para criar crescimento econômico sustentável".
"Os países podem crescer mais rapidamente, criar mais empregos e atrair investimentos adicionais do sector privado quando fazem parte de mercados regionais dinâmicos. Em nenhum lugar isso é mais aplicável do que na África Ocidental", comentou.
Junto com os investimentos bilaterais e regionais da MCC, Benin e Níger também participarão da Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), fundada em 2018.
Trata-se da maior área de livre comércio do mundo, com um mercado de mais de 1,3 bilhão de pessoas, embora consideradas comunidades econômicas regionais menores, que podem impactar o crescimento económico de cada país e influenciar a eficácia da AfCFTA.
A esse respeito, o Presidente do Benin, Patrice Talon, afirmou no Fórum Empresarial, que "este pacto é uma grande inovação na corporação internacional e na cooperação entre os Estados Unidos, Benin e o Níger, sublinhando que representa uma grande contribuição na estratégia de atracção de novos investidores e clientes.
"Ajudará a aproximar os dois países vizinhos, para tornar o espaço mais atraente para os investidores empresariais", comentou.
Por sua vez, o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, disse que "O Benim é um parceiro estratégico para o desenvolvimento do Níger, porque o porto de Cotonou é o porto mais próximo de Niamey, tendo saudado os parceiros dos EUA, por entenderam isso e garantirem que tivessem infraestrutura de qualidade entre dois países.
A Cimeira de Líderes EUA-África encerra-se esta quinta-feira.