Maputo - As manifestações e paralisações pós-eleitoral em Moçambique já causaram em 10 dias 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros), anunciaram os empresários locais.
O facto foi revelado na terça-feira e, segundos estes agentes económicos, o valor resulta da vandalização de 151 unidades empresariais, segundo a agência Lusa, cuja noticia foi retomado pelo site Noticias ao Minuto.
"Com estas manifestações acompanhadas pelas paralisações da actividade económica, constatamos que os sectores de comércio, logística e transporte foram os mais afectados, sendo que as perdas totais e impacto no PIB (Produto Interno Bruto) totalizaram 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros), que são cerca de 2,2% do nosso PIB", declarou o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma.
Face a situação, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, afirma nas últimas 24 horas que é preciso um "basta" às manifestações e paralisações, referindo que são "terrorismo urbano" com intenção de "alterar a ordem constitucional".
"Urge dizer basta às manifestações violentas com tendência de sabotagem de grandes empreendimentos que o país conquistou durante a independência e que são a esperança da geração vindoura", declarou.
Por seu turno, o Ministério Público (MP) moçambicano já instaurou 208 processos-crime para responsabilizar os autores "morais e materiais" da violência nas manifestações pós-eleitorais, anunciou também na terça-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR), responsabilizando o candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A PGR refere que, no "âmbito das suas competências constitucionais e legais", o MP "tem estado a instaurar processos judiciais, visando a responsabilização criminal" dos autores "morais e materiais", e "cúmplices destes actos".
"Tendo sido desencadeados, até ao momento, 208 processos-crime, nos quais se investiga homicídios, ofensas corporais, danos, incitamento a desobediência colectiva, bem como a conjuração ou conspiração para prática de crime contra a segurança do Estado e alteração violenta do Estado de direito", lê-se.
Moçambique, e sobretudo a capital Maputo, viveram paralisações de actividades e manifestações convocadas desde 21 de Outubro por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, que dão vitória a Daniel Chapo e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder).
Nesta quarta-feira iniciaram mais três dias de manifestações e paralisações em Moçambique, como anunciou Venâncio Mondlane. DSC/CS