Moscovo - Um número cada vez menor de empresas ocidentais mantém-se a funcionar e a fazer negócios na Rússia, depois de centenas terem anunciado a redução
Os restaurantes Burger King estão abertos, a Eli Lilly continua a fornecer medicamentos e a PepsiCo a vender leite e comida para bebés, mas não refrigerantes.
O ritmo de saída de empresas da Rússia acelerou na semana passada, à medida que a violência mortal e a crise humanitária na Ucrânia pioraram e os governos ocidentais aumentaram as sanções económicas para punir a Rússia.
As principais empresas petrolíferas BP e Shell afastaram-se e a cadeia de comida McDonald's e a Starbucks pararam de atender clientes.
As empresas que ainda têm presença na Rússia dizem que são proprietários de um 'franchise' e têm funcionários; afirmam que não querem punir os russos, tirando-lhes comida ou medicamentos; ou fornecem 'software' ou serviços financeiros para empresas ocidentais que não são fáceis de substituir.
Algumas empresas em sectores mais discretos, como a agricultura, conseguiram evitar o tipo de pressão dos média que tinha sido direccionada a marcas como McDonald's, Uniqlo e Starbucks, antes de decidirem cortar temporariamente os laços com a Rússia esta semana.
Mas numa era de hiper-consciência que alguns clientes e até funcionários têm sobre as posições que as empresas assumem em questões sociais e morais, aqueles que ainda fazem negócios com -- ou na -- Rússia estão a colocar a sua reputação em risco.
Muitas grandes multinacionais não saíram da Rússia no início da guerra, mas isso mudou à medida que a invasão levou ao aumento da violência e amais de 2 milhões de refugiados da Ucrânia.
Existem agora mais de 300 empresas que reduziram as operações na Rússia, de acordo com uma lista da Universidade de Yale.
A Apple interrompeu as operações, o Google pausou as vendas de anúncios, os estúdios de Hollywood pararam de lançar filmes e a Netflix parou de transmitir.
Algumas dessas decisões foram motivadas pela necessidade de cumprir as sanções impostas pelos governos ocidentais à Rússia, outros ocorerram por causa de problemas na cadeia de abastecimento ou pelo medo de um impacto na sua reputação.
Há empresas que planeiam romper os laços com a Rússia, mas dizem que isso não é tão simples.
O Citigroup disse na quarta-feira que vender as suas 11 agências bancárias russas será difícil porque a economia do país foi cortada do sistema financeiro global.
Até lá, o Citigroup está a "operar o negócio de forma mais limitada" e a ajudar os seus clientes corporativos nos EUA e outros a suspender seus negócios na Rússia.
Da mesma forma, a Amazon parou de aceitar novos clientes de computação em nuvem na Rússia e pretende suspender as remessas de comércio eletrónico para a Rússia.
As empresas de 'fast-food' costumam ter acordos de franquia que complicam a saída, porque não são donos desses locais.
Isso ajuda a explicar por que a Restaurant Brands International, proprietária do Burger King, mantém seus 800 restaurantes abertos na Rússia. E também por que a Yum Brands, empresa controladora da KFC e da Pizza Hut, anunciou o encerramento de 70 KFCs da propriedade da empresa em toda a Rússia, mas não os quase 1.000 KFCs de propriedade de franqueados ou seus 50 locais da Pizza Hut.
O mesmo se aplica em muitos casos na hotelaria: o Marriott diz que os seus hotéis russos são de propriedade de terceiros e está a avaliar a sua capacidade de permanecerem abertos.
A ação da McDonald's na Rússia foi mais fácil, já que é proprietária da maioria dos 850 restaurantes na Rússia, fechados temporariamente.
A empresa farmacêutica Eli Lilly mantém-se na Rússia por considerar os seus bens essenciais, tal como a PepsiCo tem o mesmo entendimento para vender leite, fórmula infantil e comida para bebés na Rússia.
Também a Unilever disse que continuará a vender alimentos e produtos de higiene "essenciais para o dia a dia" fabricados na Rússia para os russos, mas que deixará de exportar e anunciar esses produtos.
Outras empresas manifestam-se preocupadas com os seus funcionários ao racionalizar as decisões de romper ou não os laços com a Rússia.
A British American Tobacco disse na quarta-feira que continuará a fabricar e vender cigarros na Rússia, onde tem 2.500 funcionários, citando um "dever de cuidado" para com os trabalhadores.