Malanje- Quatro mil toneladas de arroz começaram a ser colhidas sexta-feira (21), na Fazenda Marsiris, no município do Luquembo, numa área de 600 hectares, cultivados em Outubro de 2022, em resposta ao Plano de Fomento à Produção de Grãos (PLANAGRÃO).
O projecto é de iniciativa privada e empregou 200 jovens, maioritariamente locais.
Segundo a sócia-gerente da fazenda, Sónia Morais, a área de cultivo vai ser elevada para cinco mil hectares na próxima campanha agrícola e para 10 mil dentro de três anos, altura em que se estima empregar mil trabalhadores, tendo por isso solicitado a intervenção do Estado na facilitação ao acesso ao crédito bancário.
Fez saber que a fazenda vai dedicar-se também à produção de sementes de arroz adaptáveis ao clima e o solo da região, sem descurar a componente de apoio às famílias das áreas circunvizinhas ao projecto, com preparação de terra e assistência técnica, para o alcance de maiores rendimentos.
O acto de arranque da colheita foi presidido pelo secretário de Estado da Agricultura, João da Cunha, que realçou o engajamento da Marsiris na produção de arroz, uma importante cultura para a garantia da segurança alimentar das famílias.
Esta aposta, considerou, demonstra a pujança que o sector empresarial agrícola está a ter no país e particularmente em Malanje, que foi, até 1977, produtor de arroz em grande escala, cuja mística está a ser resgatada, após anos de tentativa.
Fez saber que este cereal vinha sendo produzido maioritariamente pelo sector familiar, estando entretanto a surgir iniciativas privadas nas províncias do Uíge, Cuando Cubango, Bié e Malanje, com uma tendência de crescimento, fruto dos incentivos dados pelo Executivo, rumo à redução das importações e fomento das exportações deste alimento.
“Importamos maior parte do arroz que consumimos, e a estratégia é fomentar a produção interna, dadas as condições edafoclimáticas e de recursos humanos de que dispomos”, acrescentou, destacando a intervenção do sector no aconselhamento técnico e na facilitação da importação de sementes.
Por sua vez, o secretário de Estado da Economia, Ivan dos Santos, sublinhou a aposta do PLANAGRÃO no fomento da cadeia de valor do arroz, milho, trigo e soja, com vista a reduzir a dependência da importação.
Para tal, desafiou os empresários do ramo agrícola a ser mais audazes e a primar coerência e lisura na concepção dos seus projectos de acesso ao crédito, para facilitar a resposta dos bancos.
Entretanto, o vice-governador de Malanje para o sector Político, Económico e Social, Domingos Eduardo, descreveu o relançamento da produção do arroz em grande escala na província como a tradução dos esforços do Executivo para mitigar a fome e a pobreza, promover o investimento privado e gerar postos de trabalho.
Frisou que Malanje está aberta ao investimento no sector agrícola e não só, com vista a diversificação da economia e redução da excessiva dependência do sector petrolífero.
Lançado em 2022, o PLANAGRÃO vai ser operacionalizado até 2027 e está orçado em 2.8 mil milhões de kwanzas com vista a reduzir a dependência de Angola da importação do trigo, arroz, milho e soja, principalmente no actual contexto de escassez mundial, provocada pelo conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia.
O projecto vai abranger as 18 províncias do país mas, numa primeira fase, foram eleitas as do Moxico, Lunda Norte, Lunda Sul e Cuando Cubango.
Na prática, a iniciativa prevê financiar 1,7 mil milhões de kwanzas, por via do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), através do Fundo de Desenvolvimento Nacional, e outros 100 mil milhões, por meio do Fundo Activo de Capital de Risco Angolano.
O plano prevê um investimento médio anual de cerca de 670 milhões de dólares para a produção das culturas acima descritas, e cerca de 471 milhões dólares anualmente para a construção e reabilitação de infra-estruturas de apoio ao sector produtivo e social.
Com o PLANAGRÃO, Angola compromete-se a aumentar a sua produção de arroz, milho, trigo e soja para 6 milhões 104 mil 282 toneladas em cinco anos, números muito acima dos 3 milhões 026 mil 140 produzidas em todo o país, até ao ano 2021. ACC/PBC