Praia - O grupo de pessoas resgatadas de uma piroga à deriva, na segunda-feira, ao largo da ilha do Sal, Cabo Verde, passou mais de um mês no mar, segundo uma nota hoje publicada pelo Ministério dos Assuntos Exteriores do Senegal.
A embarcação partiu da localidade de Fass Boye, na costa senegalesa, 140 quilómetros a norte de Dacar, com um total de 101 passageiros, a maioria dos quais continuam desaparecidos, e teria Espanha como destino, segundo o comunicado citado pela agência EFE.
O ministério senegalês refere que 38 pessoas acabaram por ser resgatados com vida por um pesqueiro espanhol, em águas cabo-verdianas, que os transportou na terça-feira para o porto de Palmeira, na ilha do Sal, sendo todos senegaleses, excepto um, natural da Guiné-Bissau.
O número difere do apresentado pelas autoridades de Cabo Verde na terça-feira, segundo as quais o barco de pesca recolheu 48 pessoas, sete das quais já sem vida.
No entanto, Nuno Alves, comandante regional da protecção civil nas ilhas do Sal e Boa Vista, disse hoje à Lusa que o número oficial é de 38 sobreviventes e sete mortos, totalizando 45 migrantes recolhidos.
O cruzamento de dados deixa por esclarecer o destino de 56 passageiros do grupo inicial de 101.
Quando aos sobreviventes, "o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Senegaleses no Estrangeiro, em colaboração com as autoridades competentes de Cabo Verde, tomou as medidas necessárias para os repatriar o mais rapidamente possível", acrescentou o Governo senegalês.
Equipas de várias autoridades cabo-verdianas, da segurança à saúde, têm estado mobilizadas desde terça-feira, a acolher e a cuidar dos sobreviventes: 32 aguardam pelos procedimentos de repatriamento em alojamento improvisado numa escola, enquanto seis recebem tratamento hospitalar.
O estado de saúde débil está sobretudo ligado a fome e desidratação.
Fass Boye já tinha sido ponto de largada de uma outra embarcação intercetada no sábado, pela marinha de Marrocos, ao tentar chegar de forma ilegal a Espanha.
O Senegal é um país de origem e trânsito de fluxos de migração com destino à Europa, cuja via Atlântica voltou a ganhar força com o fecho de fronteiras provocado pela pandemia de covid-19 e a crise económica associada.
Em Novembro, Cabo Verde e Senegal manifestaram a vontade de reforçar a cooperação e trabalhar em conjunto com outros Estados africanos para combater a imigração ilegal, dias após uma embarcação com 66 imigrantes senegaleses dar à costa na ilha do Sal.
Em Janeiro, uma outra piroga chegou à ilha da Boa Vista com 90 migrantes africanos a bordo e dois já mortos.DSC