Luanda - O mais novo município da província de Luanda, o Talatona, celebra hoje, domingo, cinco anos de existência com esperança de aumentar e melhorar os serviços públicos prestados à população.
Criado a 17 de Outubro de 2016, a mais nova municipalidade da província de Luanda surge da divisão dos municípios de Belas e Kilamba Kiaxi, mas a localidade começou a se erguer na década de 90 sob a responsabilidade da EDURB, empresa de Desenvolvimento Urbano, LDA, que adquiriu o espaço e o loteou.
Talatona é uma expressão em língua nacional quimbundo que significa “Olha e desperta” e surge numa área de cultivo para camponeses do outrora bairro do município de Belas, mas é somente após a guerra civil em 2002, é que o povoamento efectivamente se estabelece.
Com uma extensão territorial de aproximadamente 170 quilómetros quadrados, o município é composto pelos distritos do Talatona, Benfica, Camama, Futungo, Cidade Universitária e a comuna do Mussulo, tem uma população estimada em mais de 800 mil habitantes.
O administrador de Talatona, Rui Duarte, que falava a propósito do aniversário, admite que as zonas menos urbanizadas necessitam de mais desenvolvimento em termos de infra-estruturas públicas, quer de ensino como de saúde.
O responsável disse que a estimativa aponta que o município já passou dos 800 mil habitantes para mais de um milhão e 500 mil e impõe-se o aumento e a melhoria dos serviços prestados para atender ao crescimento de Talatona.
Projectos
Para executar os projectos, o município tem em curso o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP).
Face as dificuldades vivida por algumas famílias da comunidade, os projectos que visam melhorar a vida dos munícipes atenderam, até agora, segundo fontes oficiais, 290 ex-militares e aproximadamente 100 famílias vulneráveis do município.
A materialização dá-se por via da inserção desses cidadãos no mercado de trabalho, com a vida activa comercial de volta, para garantir o sustento das famílias.
O Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza prevê a alocação a administração municipal 25 milhões de Kwanzas por mês, para desenvolver acções viradas ao comércio, inserção social, auto-emprego, tratamento de cartas de condução para serviços de moto-táxis e formação para cooperativas agrícolas.
Neste projecto, as pessoas são identificadas em função das habilidades que possuem, para melhor apoio e enquadramento.
No âmbito do PIIM está prevista a implementação de 12 projectos, que incluem construção e reabilitação de estradas, edificação de cinco escolas e três hospitais, melhoria da iluminação pública, bem como o desassoreamento e limpeza das valas de drenagem.
Dada a reconhecida insuficiência das duas unidades hospitalares existentes no município de Talatona, estão a ser construídas novas infra-estruturas no Honga, Cidade Universitária e Camama, enquanto as escolas estão a ser erguidas no Mussulo, Patriota, Talatona, Camama e Benfica.
Mussulo
A comuna do Mussulo é uma das cinco localidades do município e possui uma superfície de 45 quilómetros lineares, com uma população aproximada de 13 mil habitantes, maioritariamente dedicada à actividade piscatória.
O Mussulo conta com as povoações de Macoco, Buraco, Cambache, Farol, Mussulo Centro, Tapo, a Ponta da Barra e a Contra Costa , composta pelas ilhas da Cazanga, ou Ilha dos Padres, a Ilha do Desterro, a Ilha da Quissanga e o Ilhéu dos Pássaros.
Segundo fontes oficias, naquela ilha, com belas praias e locais de lazer, desenrolou-se uma parte importante do tráfico negreiro da região de Luanda que serviram de prisão e centro de tortura de escravos.
No entanto, os 13 mil habitantes da comuna mussulo enfrentam problemas relacionados com o fornecimento de água potável e energia, insuficiência de escolas de ensino de base, poucos postos de saúde e embarcações condignas para o transporte de passageiros e saneamento básico, particularmente a recolha de resíduos sólidos.
Ruínas de Cabolombo
As ruínas de Cabolombo estão situadas no distrito urbano do Benfica, latona, e por volta do século XVII e XVIII (séc. 17 e 18) servia de porto no tráfico de escravos. As ruínas de Cabolombo foram classificadas em 1993 como um sítio histórico de Angola.
Segundo fontes da administração, o local reabilitado em 2019, era um centro de escravos onde estes eram baptizados, seleccionados e posteriormente enviados para várias partes do mundo.
Os munícipes do distrito urbano do Benfica pedem que o local seja valorizado, preservado e que tenha mais divulgação devido a sua importância histórica para Angola.
O docente universitário Domingos Sebastião mostrou-se bastante preocupado com o actual estado do local que se encontra em total abandono, que em nada dignifica o local considerado histórico.
“ É um monumento que precisa ser reconhecido, dando uma outra imagem, por forma a valorizar o sítio e consequentemente a sua divulgação pela sua importância de ponto de vista histórico “, defendeu o docente.
Por sua vez, o cidadão Vicente Bernardo pede que a recuperação e melhoria do Memorial das Ruína de Cabolombo seja enquadrado no PIIM, tendo em conta a sua importância histórica e cultural.