Washington (Dos enviados especiais) – O Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou, esta quinta-feira, que o seu governo vai trabalhar com o Congresso, nos próximos três anos, na mobilização de USD 55 mil milhões, para promover as prioridades da Agenda 2063.
A Agenda 2063 é o plano mestre de África para transformar o continente em potência global do futuro e promover o seu desenvolvimento de forma inclusiva e sustentável.
Trata-se de um conjunto de iniciativas propostas e actualmente em implementação pela União Africana, adotadas a 31 de Janeiro de 2015, em Adis Abeba, Etiópia, por altura da 24ª Assembleia Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da organização continental.
Segundo o estadista norte-americano, que falava na Cimeira de Chefes de Estado, no quadro da Cimeira EUA-África, esse pacote representa o compromisso abrangente do seu país para com o povo africano, as suas infra-estruturas, a agricultura, a segurança e os sistemas sanitários.
Joe Biden manifestou o interesse dos EUA de incrementarem uma parceria estratégica com os africanos em todas as áreas, sublinhando que estão comprometidos em ajudar os Estados de África na avaliação do financiamento necessário para terem economias sustentáveis.
De acordo com Biden, os povos de África são indispensáveis para a promoção de um mundo mais livre, próspero e seguro, daí ser urgente a tomada de medidas decisivas e conjuntas.
Por isso, anunciou que estão a liderar um esforço global para levar a cabo acordos equitativos e oferecer alívio da dívida para créditos globais.
"Estamos a solicitar ao Congresso que dê um crédito de USD 21 mil milhões ao FMI, para dar o acesso necessário ao financiamento aos países de baixo e médio rendimento", referiu.
Conforme o Presidente norte-americano, os EUA estão dispostos a apoiar os projectos de desenvolvimento, de forma resiliente, para contraporem, sobretudo, eventuais crises mundiais futuras.
Noutro domínio, reiterou que o seu país apoia integralmente as reformas da ONU, sobretudo a intenção de incluir na organização Estados africanos como observadores permanentes.
"África tem que ter voz em todas as salas onde são discutidos os desafios globais e em todas as instituições onde as decisões são tomadas", declarou Biden, que apelou, por outro lado, à União Africana para aderir ao grupo do G20, como membro permanente.
Na visão do estadista, a democracia é o melhor instrumento que os Estados dispõem para fazerem face aos enormes desafios, pelo que os EUA vão continuar a trabalhar para combater os retrocessos democráticos, por meio da sua iniciativa em África.
Anunciou, a esse respeito, que o seu governo vai trabalhar com o Congresso para investir USD 75 milhões, visando reforçar uma governação transparente e responsável, bem como facilitar o registo de eleitores e apoiar as reformas constitucionais.
De igual modo, avançou que, por meio de um programa piloto de três anos,avaliado em USD 100 milhões, o Departamento de Defesa dos EUA trabalhará com os parceiros africanos para impulsionar reformas e construir ou desenvolver as suas capacidades de segurança.
Joe Biden advertiu aos líderes africanos, entretanto, que o sucesso de toda a estratégia avaliada no âmbito da Agenda 2063 e da Cimeira de Washington não será alcançado apenas com comunicados, mas com uma verdadeira actuação dos Estados.
"Precisamos de passar os nossos compromissos do papel para a prática,a fim de se refletirem na vida das pessoas", apelou Joe Biden, que se mostrou ansioso e disponível para visitar África.
"Tenho muita vontade de conhecer-vos a todos e visitar os vossos países", rematou o anfitrião da Cimeira de Líderes EUA-África.
Além da Cimeira dos Chefes de Estado, que discutiu as parcerias estratégicas para a Agenda 2063, o último dia da Reunião de Cúpula EUA-África foi marcado pela abordagem de dois painéis, "Parcerias Multilaterais com a África para Encontro Global" e "Promoção da Segurança Alimentar e Resiliência dos Sistemas Alimentares".
A Cimeira de Washington, uma iniciativa do Presidente Joe Biden, apoiada pela União Africana, decorreu de 13 a 15 de Dezembro, com a participação de mais de 49 líderes africanos, incluindo o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, e influentes homens de negócios.
Durante os dois primeiros dias, vários eventos foram realizados, com destaque para o Fórum da Juventude e o Congresso Anual da Eximbank, que contou com mais de 100 participantes.
Na quarta-feira, decorreu o Fórum de Negócios, encontro em que o Presidente de Angola interveio no painel relacionado com o tema "Construindo um Futuro Sustentável: Parcerias para Financiar Infraestruturas Africanas e a Transição Energética".