Caracas - O governo venezuelano pediu, esta segunda-feira, aos Estados Unidos que crie uma rota conjunta de "diálogo e entendimento respeitoso" para acabar com as "anacrónicas" sanções unilaterais contra a Venezuela, por violarem o Direito Internacional.
O pedido foi feito pelo ministro de Relações Exteriores venezuelano, Félix Pasencia, no âmbito da 'Cimeira Internacional contra o Fascismo', que teve lugar em Caracas e assinalou o 20.º aniversário dos acontecimentos de 11, 12 e 13 de Abril, que levaram ao afastamento temporário de Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013) do poder.
"As medidas coercitivas unilaterais, impostas por algumas agências do Governo dos EUA, são anacrónicas, violam o Direito Internacional e devem ser eliminadas, devem desaparecer", disse o ministro.
Félix Plasencia apelou ao seu colega norte-americano, Antony Blinken, para que ambos "desmontem essa rota equivocada".
"Faço um chamado, uma saudação respeitosa ao meu colega (...) às autoridades regulares na dinâmica do Estado de Direito do seu país, a quem recomendem e insistam na desmontagem de umas sanções que são violadas e anacrónicas e que em nada contribuem na aproximação entre os povos", disse Félix Pasencia.
O político venezuelano sublinhou que "os Estados de Direito de ambos países devem ser sempre respeitosos" e insistiu que há que "desmontar toda essa dinâmica equivocada, que comprovadamente fracassou na sua aspiração" de acabar com o projecto político bolivariano.
"Eu agradeceria ao meu colega Anthony Blinken que essa seja a próxima rota do seu governo, desmontar as medidas coercitivas unilaterais e uma aproximação respeitosa entre Estados soberanos", frisou.
O ministro venezuelano sublinhou ainda que "a rota equivocada de perseguição e de sanções contra o povo venezuelano, não conseguiu outra coisa que infligir alguma dor, à qual termos resistido com amor e o empenho do trabalho".
Em 05 de Março último, o Presidente da Venezuela recebeu uma delegação de alto nível de responsáveis da Casa Branca no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.
O encontro foi confirmado por Maduro, que considerou que a reunião foi "cordial e muito diplomática".
A viagem a Caracas, segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, teve como objectivo "discutir diferentes questões, entre elas, claro, a segurança energética" numa altura de escalada do preço do petróleo, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
As autoridades norte-americanas, acrescentou Jen Psaki, também abordaram a situação dos seis ex-gestores da Citgo (subsidiária da petrolífera estatal venezuelana), cinco dos quais são cidadãos norte-americanos e um residente permanente, actualmente preso em Caracas.
Em 08 de Março as autoridades venezuelanas libertaram dois norte-americanos, Gustavo Adolfo Cárdenas, antigo gestor da Citgo, e José Alberto Fernández, que a imprensa local diz ser um turista cubano-americano acusado de terrorismo em fevereiro de 2021.
Na imprensa venezuelana a visita da delegação norte-americana foi vista como uma tentativa de, no âmbito da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, isolar o Presidente russo, Vladimir Putin, de quem o Governo de Caracas é aliado.