Vaticano - O Papa Francisco decidiu expulsar dez pessoas incluindo um bispo, padres e leigos do 'Soladitium Christianae Vitae', um movimento católico do Peru, após uma investigação do Vaticano ter revelado abusos "sádicos" de poder, autoridade e espiritualidade, avança a Lusa.
Segundo a agência de notícias The Associated Press (AP), a decisão surgiu após o Vaticano ter ordenado a expulsão do fundador do grupo, Luis Figari, em Agosto, por acusações de alegações de abusos psicológicos e sexuais, incluindo de menores, e por irregularidades financeiras.
A investigação do Vaticano, revelada pela Conferência Episcopal Peruana, enumerou os vários abusos físicos cometidos pelos membros do grupo, que incluem "sadismo e violência", abusos de consciência do tipo seita, abusos espirituais, abusos de autoridade, abusos económicos na administração do dinheiro da Igreja e o "abuso no exercício do apostolado do jornalismo", que terá sido dirigido a um jornalista ligado ao 'Soladitium Christianae Vitae' que atacou os críticos do movimento nas redes sociais.
Luis Figari fundou o movimento em 1971 como uma comunidade leiga para recrutar "soldados para Deus". No seu auge, o grupo contou com cerca de 20 mil membros na América do Sul e nos Estados Unidos.
Os abusos foram denunciados à arquidiocese de Lima em 2011, mas nada foi feito até que uma das vítimas, Pedro Salinas, escreveu um livro com a jornalista Paola Ugaz detalhando as práticas distorcidas do grupo, em 2015, intitulado 'Meio Monges, Meio Soldados'.
Uma investigação externa pedida 'Soladitium Christianae Vitae' concluiu, em 2017, que Figari era "narcisista, paranoico, humilhante, vulgar, vingativo, manipulador, racista, sexista, elitista e obcecado por questões sexuais e pela orientação sexual" dos membros da organização.
O documento revelou ainda que Figari sodomizava os seus recrutas e obrigava-os a acariciá-lo e a acariciarem-se uns aos outros.
Ele gostava de os ver "sentir dor, desconforto e medo" e humilhava-os à frente de outros para aumentar o seu controlo sobre eles.
Em 2018, o Ministério Público peruano pediu a prisão preventiva de vários membros e ex-membros da organização, incluindo Luis Fernando Figari. AM