Luxemburgo - O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) defendeu hoje a "poderosa missão de treino" ao exército ucraniano que deverá ser aprovada pelos ministros europeus, para um "forte apoio" à Ucrânia perante "más notícias" de novos ataques russos.
"Comecemos pela Ucrânia, onde [há] más notícias dos ataques russos. Esta manhã, Kiev esteve sob forte ataque de 'drones' no centro da cidade, (pelo que) vamos discutir a situação na Ucrânia e tomar algumas medidas e adoptar algumas decisões", disse Josep Borrell.
Falando à chegada da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, no Luxemburgo, o chefe da diplomacia comunitária precisou que "a decisão mais importante (do encontro) estará relacionada com a nova parcela de apoio militar à Ucrânia e com o envio de uma missão de formação".
Segundo o Alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, "esta poderosa missão de treino" permitirá dar um "forte apoio aos militares ucranianos".
"A Rússia está cada vez mais isolada, como pudemos ver na votação da semana passada (na Assembleia Geral das Nações Unidas). Moralmente, politicamente e mesmo militarmente a Rússia está a perder esta guerra, pelo que temos de continuar a apoiar a Ucrânia", adiantou Josep Borrell.
O encontro - que acontece no Luxemburgo numa altura de escalada de tensões na guerra na Ucrânia após recentes ameaças nucleares e novos bombardeamentos russos em série - é presidido pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e Portugal estará representado pelo ministro da tutela, João Gomes Cravinho.
Prevê-se então um reforço do apoio à Ucrânia, com a adopção formal da missão de formação da UE do exército ucraniano, que se soma à já mobilizada ajuda militar, financeira e humanitária.
Proposta em Agosto passado pelo chefe da diplomacia europeia a pedido das forças ucranianas, esta missão deverá então agora ter 'luz verde' para a UE conseguir, em solo europeu, treinar cerca de 15 mil soldados ucranianos, principalmente com formação militar básica.
De acordo com fontes europeias, a ideia é que esta missão de treino para o exército ucraniano avance já em Novembro em países como a Polónia.
Em Junho passado, o Governo português manifestou a disponibilidade de Portugal para dar treino a militares ucranianos, tendo a ministra da Defesa, Helena Carreiras, adiantado na altura existir uma avaliação feita do tipo de formação que o país pode oferecer.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou a fuga de milhões de pessoas e a morte de milhares de civis, segundo as Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste encontro dos chefes da diplomacia da UE será ainda discutida a aplicação de sanções aos responsáveis no Irão pela morte de Mahsa Amini e pela forma como as forças de segurança reagiram às manifestações desencadeadas pelo caso da jovem curda iraniana, como já avançado por Josep Borrell no início do mês.
O Irão tem sido palco de protestos desde que Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos, morreu a 16 de Setembro depois de ter sido presa em Teerão pela chamada polícia de costumes por ter alegadamente violado um código de vestuário que exige que as mulheres usem o 'hijab', o véu tradicional muçulmano que cobre a cabeça e os ombros.