Soyo – A fuga à paternidade, a violência doméstica e a acusação de prática de feiticismo, foram apontadas como as principais causas que concorrem na desestruturação familiar, no município do Soyo, província do Zaire.
A afirmação é do sociólogo e docente universitário, Paulo Matuba, que falava quarta-feira à ANGOP, no Soyo, a propósito do Dia Internacional da Família, 15 de Maio, tendo realçado que a desestruturação familiar é um assunto transversal e que resulta, também, na decadência dos valores morais e cívicos da sociedade e no aumento da criminalidade.
Exemplificou que o fenómeno meninos de rua ou na rua, que se assiste um pouco por todo o país, é o resultado do desmoronamento de algumas famílias, aumentando, desta forma, o que apelidou de “órfãos de pais vivos”.
“Uma criança abandonada é potencial candidato à criminalidade, porque na medida em que vai crescendo as suas necessidades aumentam. E a única forma de satisfazê-las é recorrendo a acções criminosas”, enfatizou.
Em relação à acusação de membros de algumas famílias da prática de feiticismo, com realce para crianças e idosos, o académico lembrou que esse comportamento, grosso modo, tem sido impulsionado por algumas seitas religiosas que se aproveitam de certa ignorância de alguns cidadãos.
“Num estado de total ignorância ou superstição, toda a desgraça é tida como resultado de alguma força oculta. E o elo mais fraco, nesta condição, são sempre as crianças e os idosos, considerados como a camada mais vulnerável”, referiu.
Para o efeito, o sociólogo defendeu a redefinição de programas de educação da sociedade, recorrendo aos meios de comunicação social, a colóquios e a outras acções de sensibilização, enfatizando a importância da coesão familiar.
Disse ser, ainda, fundamental o empoderamento das famílias, sobretudo, das mulheres, pela parte das estruturas competentes do Estado, por considerar que a pobreza é o denominador comum das causas apontadas e outras que concorrem na desestruturação do núcleo familiar.
Mulheres da OMA esclarecidas sobre união de facto
Ainda no âmbito do Dia Internacional da Família, assinalado quarta-feira, 15 de Maio, dezenas de mulheres filiadas na Organização da Mulher Angolana (OMA), no município de Mbanza Kongo, foram esclarecidas, em palestra, sobre a importância da união de facto no seio da família.
Para dissertar o tema foi convidado o conservador dos Registos da Comarca do Zaire, Álvaro Lusimana José, que, na sua alocução, falou das vantagens que advêm da união de facto celebrada em Conservatória.
Conforme o palestrante, a união de facto por mútuo acordo protege a mulher e os filhos em caso de separação ou morte do marido, no que a partilha de bens diz respeito.
O conservador disse que muitas mulheres não têm conhecimento dos benefícios que resultam da união de facto no seio da família, pelo que apelou-as para se dirigirem às conservatórias para mais informações.
“Se porventura houver uma separação ou falecimento de um dos cônjuges e a celebração da união de facto for por regime de bens, a herança adquirida desta relação deve ser repartida por ambas as partes”, esclareceu o conservador.
O Dia Internacional da Família é celebrado anualmente a 15 de Maio, cuja data foi escolhida pela Assembleia Geral da ONU, com o objectivo de destacar a importância da família na estrutura do núcleo familiar e como base da educação infantil.
A efeméride reforça o apelo à união, amor, respeito e à compreensão para o bom relacionamento de todos os elementos que compõem a família.
O primeiro Dia Internacional da Família foi celebrado em 1994. PMV/DMN/JL