Ondjiva – O director-geral do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos do Ministério da Energia e Águas, Manuel Quintino, informou, que os beneficiários da água do Canal do Cafu vão passar a pagar pelo consumo, depois de cinco anos de graça, para se garantir o funcionamento do sistema.
Com uma extensão de 160 quilómetros de canal aberto e um conjunto de 30 chimpacas, o Canal do Cafu foi inaugurado no dia 4 de Abril pelo Presidente da República, João Lourenço.
O projecto está avaliado em 44 mil milhões 358 milhões 360 mil e 651 kwanzas e vai beneficiar 235 mil pessoas, o abeberamento de 250 mil animais e a irrigação de cinco mil hectares de campos agrícolas dos municípios de Ombadja, Cuanhama e Namacunde.
Manuel Quintino, que falava no Especial Informação da TPA esta quarta-feira, em Ondjiva, sobre as vantagens da preservação do Canal do Cafu, disse que os criadores de gado, os comerciantes e os agricultores passarão a comparticipar com um valor.
Explicou que durante este período serão criadas as condições mínimas para o funcionamento do sistema, bem como mentalizar as populações no sentido de virem a contribuir, com vista à sustentabilidade do projecto.
Fez saber que vão seleccionar, através de um concurso público, uma entidade gestora do projecto do Cafu, para garantir a operação e a manutenção do sistema.
“A empresa construtora do projecto foi dado um período de 36 meses para garantir o funcionamento do sistema, mas nós, com uma visão proactiva, já pensámos em criar, nos primeiros 18 meses, aquilo que é a entidade gestora”, informou.
Lembrou que, com o canal, haverá muita água para promover o desenvolvimento nas comunidades, assim como fomentar a prática da agricultura no âmbito do programa de diversificação da economia familiar.
Já o director provincial da Cultura, Juventude e Desportos no Cunene, Marcelino dos Santos, considerou o projecto do Cafu a concretização de um grande sonho para o povo da região, pois trouxe mais água para o consumo do gado e para as actividades agrícolas.
O responsável fez saber que serão colocados 300 efectivos para garantir a segurança do canal, em colaboração com autoridades tradicionais, na sensibilização da comunidade, para que a infra-estrutura não seja vandalizada.
O rei de Ombala – Ya - Nalueque, Mário Satipamba, sublinhou que é uma solução acertada e que chegou no momento certo para se inverter o sofrimento provocado pela escassez de água nas comunidades, que afecta as famílias e o seu gado.
Mário Satipamba afirmou que nas comunidades já estão a trabalhar para a sensibilização das pessoas, no sentido de preservarem o empreendimento.
A representante da sociedade civil no Cunene, Evane Saprinho, destacou a visão do Executivo em implementar o projecto que vai permitir novos hábitos à população, a respeito do aproveitamento das terras férteis para a prática da agricultura e criação de gado.
Sublinhou que o Cafu veio colocar o Cunene na rota de desenvolvimento da economia, constituindo uma resposta prática e real sobre a produção de novas culturas.
Está, igualmente, em curso, desde Outubro de 2021, a construção da Barragem de Calucuve e o seu canal associado, bem como a edificação da Barragem de Ndue, também com o canal associado, cujo auto de consignação das obras ocorreu em Novembro de 2021.
Em Julho deste ano arrancam as obras da Barragem da Cova do Leão, no município da Cahama, no âmbito dos projectos estruturantes de Combate aos efeitos da seca na margem direita do rio Cunene.