Malanje- A directora-geral do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida, Maria Furtado, reafirmou hoje, em Malanje, a aposta do governo na redução do corte de transmissão do VIH de mãe para filho, de 15,5 para seis por cento até 2026, com vista a melhorar o posicionamento do país a nível da África subsariana.
Actualmente, Angola figura entre os três países com maiores taxas de transmissão vertical do VIH-SIDA da África subsariana, daí que o governo tem vindo a priorizar a assistência de mulheres grávidas e crianças.
A responsável que falava a saída de um encontro entre o Governo de Malanje e uma delegação do Ministério da Saúde e parceiros das Nações Unidas, referiu que a problemática da doença tem influenciado grandemente na taxa de mortalidade da população no país.
Recordou que o quadro de transmissão vertical já foi menos animador em 2018, altura em que a taxa era de 26 por cento, mas fruto do programa Nascer Livre para Brilhar foi possível reduzir significativamente.
Sublinhou que o país conta com um programa específico de prevenção da transmissão do VIH de mãe para filho, que assenta fundamentalmente na testagem e tratamento de mulheres seropositivas, fomento das consultas pré-natais e redução dos partos domiciliares, estas duas últimas abaixo dos 50 por cento no país.
Para o êxito do programa, disser ser necessário reforçar a sensibilização junto das mulheres, a criação de equipas de apoio psicológicos a nível das comunidades, reforço do número de testes no seio das mulheres, incentivar o tratamento com anti-retroviral, entre outros.
Por sua vez, a responsável pelo Departamento de Doenças Transmissíveis e não Transmissíveis da Organização Mundial da Saúde (OMS), Fernanda Alves, apelou aos governos provinciais a buscar financiamentos privados para a intensificação da luta contra o SIDA no país, ao invés de dependerem exclusivamente do Orçamento Geral do Estado (OGE).
Já o presidente da Rede Angolana das Organizações de Serviços de SIDA (ANASO), António Coelho, apontou a melhoria dos cuidados primários de saúde nas comunidades como um dos factores que contribuem para a redução das mortes relacionadas com o VIH-SIDA, malária e tuberculose.
Frisou, igualmente, a necessidade de melhoria da recolha de dados ao SIDA, na medida em que a fiabilidade dos mesmos determina o sucesso das estratégias nacionais de erradicação.
Entretanto, o vice-governador de Malanje para o sector Político, Económico e Social, Franco Mufinda, destacou os investimentos do governo local nos cuidados primários de saúde e avançou para os próximos tempos a intensificação das acções de sensibilização sobre a doença na província, que conta com nove mil pessoas infectadas.
Outro compromisso do governo está relacionado com a disponibilização de mais testes e redução do corte vertical dos actuais 19 para 15 por cento.
A delegação trabalha desde hoje em Malanje, no âmbito das visitas de advocacia para aceleração da resposta contra o VIH-SIDA no país.
Para quarta-feira, último dia da visita, está previsto um encontro de auscultação para o plano de resposta ao SIDA na região.
Dados de 2022 aponta para 310 mil pessoas vivendo com a doença no país, deste número 190 mil são mulheres. ACC/PBC