Benguela – A construção da primeira fábrica nacional de soda cáustica, hipoclorito de sódio e ácido clorídrico, na província de Benguela, é uma medida assertiva, afirmou hoje, terça-feira, o coordenador do Grupo Técnico Empresarial (GTE), Carlos Cunha.
Falando na Baía Farta, onde arrancou a construção da referida unidade fabril, denominada “Calombolo Química”, Carlos Cunha enalteceu a iniciativa do Grupo Adérito Areias, por ter acreditado na viabilidade da linha de crédito do Deutsche Bank da Alemanha.
Segundo ele, a ideia da construção de uma fábrica de soda cáustica animou o empresário Adérito Areias, durante uma viagem do Presidente da República, João Lourenço, à Alemanha.
“Nós saímos da Alemanha com mil milhões de dólares na carteira que o PR negociou, na altura, e chegamos a Angola entusiasmados”, contou.
Lembrou que esse montante constituía alguma oportunidade para fazer alguns projectos, pelo que foi aberto um concurso a todos os empresários de Angola, tendo sido contemplados 25.
“Eu lamento ter sido dos primeiros a desistir, porque não acreditei no monstro da burocracia que estava à minha frente e dei-te coragem porque sempre acreditaste”, exprimiu.
Saúde e higiene
Segundo o empresário Carlos Cunha, quando se pensa em soda cáustica, está-se a pensar em vida e saúde.
Destacou, nesse sentido, o impacto da nova unidade industrial, frisando que a soda cáustica determina a higiene, a desinfecção e a pureza da água que vamos beber em Angola.
“Precisamos de cloro para a nossa água ser mais pura”, aclarou, avisando, no entanto, que grande parte das doenças no país derivam da insuficiência dos desinfectantes que vão condicionar a saúde.
O também membro do Conselho da República diz que esta fábrica vai condicionar, depois, a jusante, todo um conjunto de indústrias, fazendo com que o problema da higiene das unidades esteja resolvido.
No seu entender, a fábrica vai contribuir para que o sabão azul ou branco, um produto estratégico, chegue às mãos dos consumidores a um preço mais competitivo, o que poderá activar o negócio regional.
“Daqui teremos todo o conjunto de sabões que são essenciais à nossa vida, à higiene diária das comunidades”, antecipa, acentuando que esta inauguração reveste-se de uma importância económica estratégica.
Mudar o quadro
De acordo com ele, entre os maiores produtos de importação de Angola, está o óleo de palma da Malásia, para fazer sabão. Este, por sua vez, está também entre os maiores produtos de exportação, actualmente.
Considerou, por outro lado, que Angola hoje é um grande produtor de sabão e consome cerca de 13 milhões de litros de sabão líquido, não obstante que produz 25 milhões.
“Portanto, é um dos poucos produtos em que Angola é excedentária, mas importa de um lado para exportar de outro”, explicou.
Mas prevê que, com esta fábrica e com o arranque de um projecto do empresário angolano Roberto Leal, no Kwanza Norte, Angola vai ser praticamente autónoma num dos produtos de maior importância económica.
“Roberto Leal está, neste momento, a fazer uma fazenda a escala mundial, onde se irá produzir cerca de cinco mil hectares de óleo de palma, e Adérito Areias, a jusante, a fazer a soda cáustica”.
Sobre a fábrica
O investimento global será de 27, 3 milhões de euros e a fábrica vai produzir diariamente 12 toneladas de soda cáustica, 66 toneladas de hipoclorito de sódio e 25 toneladas de ácido clorídrico, o equivalente a mais de três mil toneladas/mês.
Para atingir esse nível de produção, a fábrica Calombolo Química vai necessitar entre 22 e 25 toneladas de sal/dia, 70 metros cúbicos de água desmineralizada ou 80 metros cúbicos de água potável e 1, 5 MWh de energia eléctrica.
Com a duração de 18 meses, a fábrica, que deverá ocupar cinco mil metros quadrados, tem a sua inauguração prevista para Maio de 2026. JH/CRB