Benguela – O presidente da Associação dos Produtores de Sal (APROSAL), Totas Garrido, garantiu, nesta quarta-feira, que a autossuficiência na produção do sal vai acautelar a demanda da fábrica de soda cáustica, em construção na Baía Farta.
Totas Garrido falava à ANGOP, a propósito das obras em curso da fábrica Calombolo Química, do Grupo Adérito Areias (AA), com uma capacidade de produção projectada para mais de três mil toneladas por mês.
Com a previsão de criar 45 postos de trabalho directos e cerca de mil indirectos, a construção da fábrica deverá estar concluída dentro de 18 meses, num financiamento a rondar os 27, 3 milhões de euros, sendo 24, 8 milhões de euros suportados pela linha de crédito do Deutsche Bank da Alemanha.
Questionado sobre como Benguela poderá garantir em média 30 toneladas de sal/dia para a nova unidade industrial, Totas Garrido lembra que a região hoje é autossuficiente em termos de produção de sal.
Por isso, disse estarem asseguradas as condições para abastecer esta e outras fábricas de soda cáustica no país.
“É claro que precisamos de alguma regulamentação porque esse tipo de fábrica precisa de sal de qualidade”, frisou, referindo-se especificamente à necessidade de se prestar atenção sobre o tipo de salinas a serem implantadas e a sua autorização.
Totas Garrido manifesta-se satisfeito pelo facto de que a cadeia produtiva do sal começa a compor-se, alcançada a autossuficiência, para evitar as importações.
Considerando ser um ganho que coroa o trabalho de alguns anos dos produtores da APROSAL, ele reforça que Angola tem hoje sal suficiente para abastecer a indústria de soda cáustica.
Aliás, salientou que o negócio do sal é dinâmico, o que abre apetites para o sector primário, daí a necessidade de as estruturas administrativas estarem capacitadas para poder regular o sector.
Sem desequilíbrio
A mesma fonte afasta, por outro lado, a ideia de que poderá haver desequilíbrio entre a oferta e a procura do sal, assim que a fábrica Calombolo Química entrar em funcionamento, em Maio de 2026.
“Não vai afectar porque nós atingimos a autossuficiência para o consumo humano com 65 mil toneladasbe animal quando aumentamos mais 25 mil toneladas”, afiança.
No fundo, como esclarece, a autossuficiência alimentar e animal na produção de sal são menos de 100 mil toneladas/ano e só Benguela produz quase 200 mil toneladas.
As regiões produtoras de sal no país são o Bengo, Porto Amboim (Cuanza sul) Benguela e Namibe, sendo estas últimas províncias zonas de referência por conta da existência de condições climatéricas favoráveis entre os municípios da Baía Farta e do Tômbwa.
Sobre a fábrica
O investimento global será de 27, 3 milhões de euros e a fábrica vai produzir diariamente 12 toneladas de soda cáustica, 66 toneladas de hipoclorito de sódio e 25 toneladas de ácido clorídrico, o equivalente a mais de três mil toneladas/mês.
Para tal, a fábrica Calombolo Química vai necessitar entre 22 e 25 toneladas de sal/dia, 70 metros cúbicos de água desmineralizada ou 80 metros cúbicos de água potável e 1, 5 MWh de energia eléctrica.
Com a duração de 18 meses, a fábrica, que deverá ocupar cinco mil membros quadrados, tem a sua inauguração prevista para Maio de 2026. JH/CRB