Teerão - O Ministério do Interior do Irão anunciou esta terça-feira que foram realizadas as primeiras detenções na investigação sobre a série de envenenamentos que afectaram milhares de estudantes em escolas femininas nos últimos três meses.
"Várias pessoas foram detidas em cinco províncias e os serviços (de segurança) continuam a investigar", disse o vice-ministro do Interior, Majid Mirahmadi, à televisão estatal iraniana.
Mirahmadi não forneceu mais detalhes sobre a identidade dos detidos, nem as circunstâncias das detenções ou o grau de envolvimento dos detidos no caso.
No total, "mais de 5.000 alunas foram afectadas" em "cerca de 230 escolas" localizadas em 25 das 31 províncias do país desde o final de Novembro, declarou hoje Mohammad-Hassan Asafari, membro da comissão parlamentar de investigação encarregada de esclarecer as causas desta onda de envenenamentos que estão a afectar as estudantes.
O líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, declarou segunda-feira que o envenenamento das raparigas, alegadamente por gás, é um "crime imperdoável, pedindo ainda "sentenças severas" para os culpados e prometendo que "não haverá amnistia".
As jovens estudantes sofreram de dores de cabeça, palpitações, náuseas, tonturas e, às vezes, incapacidade de mover os membros após sentirem um cheiro de citrinos, cloro ou produtos de limpeza.
Os ataques estão a alimentar o descontentamento popular, principalmente entre os pais, dada a ineficácia das autoridades em travar os ataques, que parecem destinados a deter a educação das mulheres.
No Irão, a educação feminina nunca foi proibida nos 43 anos de existência da República Islâmica e alguns pais relacionam os envenenamentos com os protestos que ocorreram nos últimos meses.
Os ataques relatados estão a acontecer num momento sensível no Irão, que enfrenta há meses protestos após a morte da jovem Mahsa Amini, depois da sua detenção em Setembro pela polícia de moralidade do país.
Muitas das alunas das escolas e institutos que participaram nestes protestos tiravam os véus, gritavam "mulher, vida, liberdade" e destruíam retratos de Khamenei e do ayatollah Ruhollah Khomeini.