Naipidau - O Conselho de Segurança da ONU não chegou a acordo na sexta-feira quanto à posição a tomar para instar a junta militar de Myanmar a pôr um fim ao conflito que afecta a ex-Birmânia.
Tanto a China como o Reino Unido, redatores do texto, rejeitaram a responsabilidade pelo fracasso das negociações que duraram todo o dia, na sequência de uma reunião à porta fechada do Conselho sobre Myanmar.
Para Londres, a China estava a pedir "demais", o que levou ao abandono do texto.
Para Pequim, havia apenas uma "pequena diferença" para chegar a um acordo que "não era impossível de superar", disse à agência France Presse (AFP) uma porta-voz da missão diplomática chinesa junto da ONU.
O texto inicial propunha que o Conselho de Segurança expressasse a sua profunda preocupação com "o progresso limitado" na implementação de um plano de cinco pontos, definido há mais de um ano pela Associação das Nações do Sueste Asiático (ASEAN), para acabar com a crise.
A proposta de resolução também pedia ações para concretizar o plano.
A China propôs usar o termo progresso "lento" em vez de progresso "limitado", disse a missão chinesa.
"A nossa formulação foi factual, mas menos condescendente" e "é realmente uma pena" que não tenha havido acordo, acrescentou a porta-voz.
O texto, citado pela AFP, demonstra a preocupação do Conselho de Segurança com a continuação da violência e as dificuldades humanitárias no país.
Durante a reunião do Conselho, o enviado da ASEAN a Myanmar, o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Camboja, Sokhonn Prak, e a enviada da ONU, Noeleen Heyzer, delinearam a situação.
Segundo diplomatas, Heyzer, nomeada em outubro de 2021, teve, em princípio, luz verde para uma primeira viagem a Myanmar, mas ainda não recebeu as autorizações necessárias para o decurso da visita, incluindo as pessoas com que se pretende reunir.
A ONU insiste que Heyzer deve poder encontrar-se com os vários partidos birmaneses e não apenas com a junta militar no poder.
Desde o golpe militar de 01 de Fevereiro de 2021, que encerrou uma década de transição democrática em Myanmar (ex-Birmânia), o conflito causou mais de 1.700 mortes, sendo que quase 13 mil foram presos, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos.