Benguela – O director provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas em Benguela, José Gomes da Silva, disse esta sexta-feira que a gestão do Centro de Apoio à Pesca Artesanal (CAPA) do Egipto-Praia, no município do Lobito, será privatizada este ano, por via de um concurso público.
Em causa está um investimento de dois milhões e 480 mil dólares norte-americanos na construção e apetrechamento do Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Egipto-Praia, inaugurado em Fevereiro de 2020, mas que está paralisado há mais de um ano, o que está a deixar apreensivos os operadores de pesca.
Instalado numa área de 1.242 metros quadrados, o centro, com uma ponte cais, tem túnel de congelação para 10 toneladas, câmara frigorífica e sala de processamento, tratamento e conservação do pescado, além de uma área destinada à secagem do pescado.
Falando à ANGOP, José Gomes da Silva diz que a paralisação desta unidade preocupa o Governo, que, atendendo ao investimento feito, está já a repensar o modelo de gestão dessa unidade, que deverá passar pela privatização.
“Lançou-se o concurso público e creio que, brevemente, teremos o desfecho desse processo para ver quem será o gestor”, salientou.
A expectativa, sublinhou, é a de que o futuro gestor tenha capacidade financeira para que o projecto – que até tem condições criadas para funcionar em pleno - não se transforme em “mais um elefante branco” na comuna do Egipto-Praia.
Também para privatização, segundo a fonte, está o Centro de Apoio à Pesca Artesanal da comuna da Equimina, no município piscatório da Baía Farta, já concluido e apetrechado com equipamentos de frio, idênticos aos da unidade do Egipto-Praia, embora este último esteja melhor equipado.
Garante que o Ministério das Pescas e Recursos Marinhos está tudo a fazer para encontrar, por via do concurso público, gestores privados ideais, podendo ser membros das cooperativas de pesca artesanal dessas localidades.
Ainda sobre o Egipto-Praia, lembrou que o Ministério das Pescas havia atribuído seis embarcações com motor a dez jovens pescadores artesanais, para que desenvolvessem a actividade pesqueira e usassem o centro.
No entanto, explicou que esse número estava muito abaixo do esperado, porque a infra-estrutura pode atender 1.200 pescadores artesanais não só do Egipto-Praia, como de toda a orla marítima do Lobito, e até 300 embarcações.
Daí o Governo ter lançado um concurso público, de maneira que o centro seja gerido por pessoas idóneas e possa funcionar em pleno, como reforçou o entrevistado, visivelmente optimista.
Além destes, a província ainda dispõe de um terceiro centro de pesca artesanal, localizado na povoação da Caota, município de Benguela, que continua sem equipamentos de frio, uma situação que condiciona o seu funcionamento.
Armadores preocupados
O subaproveitamento do centro de pesca artesanal, no Egipto-Praia, cerca de três anos depois de inaugurado, no âmbito do programa do Governo de combate à fome e à pobreza, está a inquietar os pescadores artesanais perante receios desta unidade transformar-se em um “elefante branco”.
Os pescadores Malaquias Garoupa e Alfredo Mango dizem não entender as razões por que um empreendimento valioso, aguardado com muita expectativa, continua de “portas fechadas”, num cenário de quase abandono.
Por isso, alertam para o risco da degradação dos equipamentos de frio instalados nessa infra-estrutura, que, apesar de ser a melhor equipada em termos de estruturas no país, é a única inoperante entre as demais unidades afins.
Outros centros de apoio à pesca artesanal no país estão localizados nas províncias do Zaire, Bengo e Kwanza Sul.