Menongue - O Comité de Política Monetária (CPM) decidiu, esta sexta-feira, manter a taxa do Banco Nacional de Angola (BNA) em 19,5% e a da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 20,5%, devido à desaceleração do ritmo de crescimento dos preços da economia.
Segundo o comunicado final da 118.a reunião do CPM decorrida, em Menongue, capital da província do Cuando Cubango, entre 18 e 19 do corrente mês, foi igualmente mantida disse a Taxa Permanente da Facilidade de Absorção de Liquidez em 18,5%.
O governador do BNA, Manuel Tiago Dias, sustentou que estas decisões foram motivadas pela perspectiva de desaceleração do ritmo de crescimento dos preços da economia, resultante da relativa melhoria da oferta de bens essenciais de consumo e do controlo da liquidez.
Manuel Dias recordou que, em relação à conjuntura internacional, o Fundo Monetário Internacional, nas projecções publicadas em Junho último, manteve a Taxa de Crescimento do PIB Mundial em 3,2% e prevê um crescimento de 3,5 % para 2025.
Indicou que a desaceleração mundial dá sinais de abrandamento, reflexos da dinâmica da inflação dos serviços e está a amenizar o impacto positivo da redução da inflação de bens.
Realçou que no mercado das “commodities” energético o preço médio do petróleo manteve-se estável nos meses de Maio e Junho.
Essa estabilidade, disse o governador, foi influenciada, quer pela menor procura mundial, quer pela manutenção das tensões geopolíticas no médio.
No que diz respeito à economia nacional, de acordo com as estatísticas dos preços divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística, o gestor do Banco Nacional de Angola, referiu que a inflação mensal de Junho desacelerou para 2,07 por cento, face aos 2,49 observados no mês anterior de Maio.
Nesta desaceleração, explicou, a classe de alimentos e bebidas não alcoólicas contribuído com 64 por cento, pois, dos 732 produtos que compõem a matriz de índices de preços do consumidor nacional, 24 deste contribuíram com 1.15 percentual para a inflação total, que corresponde a 55,75% da inflação total.
Realce-se, neste particular, para o tomate (0.16), a cebola (0.10) e as coxas de frango com (0.09), como produtos que contribuíram para a inflação, sendo que a taxa de inflação acumulada, desde o início de 2024, fixou-se em 15,72 e a homóloga em 31 por cento, com uma contribuição de 66,58 por cento da classe de alimentação e bebidas não alcoólicas.
No domínio monetário, descreveu Manuel Dias, esta classe em moeda nacional expandiu 0,21 por cento, no mês de Junho, depois de ter contraído 1,67 no mês anterior, sendo que, em termos acumulativo, desde o início deste ano, a base a monetária em moeda nacional expandiu 4,34 por cento.
De acordo com o governador, o imposto monetário M-2 por cento em moeda nacional, contraiu 0,30% em Junho, depois de ter contraído 1,26% em Maio, em termos acumulados o M-2 em moeda nacional expandiu 3,43%.
Dados da economia nacional e índices de importação e exportação
Segundo o gestor, o stock em créditos na economia, em moeda nacional, atingiu 4,93 biliões de kwanzas em Junho, representando um aumento de 359,53 mil milhões de kwanzas no primeiro semestre do ano em curso.
Já no sector externo, assinalou que o saldo da conta de bens atingiu 1,25 mil milhões de dólares americanos, no 1º semestre, acima dos 9, 21 mil milhões registados no período anterior, correspondendo a um aumento 22,15 por cento (USD 2 mil milhões).
O governador referiu que o aumento do saldo de conta de bens foi influenciado pelo aumento do valor das exportações e pela diminuição das importações, sendo que o aumento de exportações foi de 4,2% (USD 713 milhões).
Já o valor das importações reduziu em 17 por cento (USD 1,3 mil milhões), tendo passado de 7,78 mil milhões de dólares em igual período de 2013 para 6,5 mil milhões, mas as importações de bens essenciais de consumo aumentaram em 3,43%, correspondendo a 14,83 milhões de dólares.
Indicou que os stocks das reservas internacionais fixaram-se em 14,44 mil milhões de dólares no mês de Junho, o que corresponde a um grau de cobertura de 7,2 meses de importação de serviços.
A próxima reunião será realizada em Luanda, de 19 a 20 de Setembro próximo.
Estiveram presentes na conferência de imprensa, realizada no anfiteatro do Governo, o governador do Cuando Cubango, José Martins, quadros seniores do BNA central e daquela província. ALK/FF/ALH