Londres - A Amnistia Internacional (AI) condenou hoje as violações dos direitos humanos cometidas pelas forças de segurança no Benim e no Togo na luta contra grupos armados responsáveis por ataques mortais no norte dos países.
"As autoridades do Benim e do Togo devem assegurar que a luta contra os grupos armados respeita os direitos humanos", afirmou a ONG, através de uma declaração emitida no dia da visita do Presidente francês, Emmanuel Macron, ao Benim.
A ONG denuncia, em particular, as detenções e prisões arbitrárias, visando membros da estigmatizada comunidade Fulani, por vezes acusada de cumplicidade com grupos armados.
Denuncia igualmente uma restrição do direito de manifestação no Togo e da liberdade de expressão no Benim, após a detenção de jornalistas no norte do país, no início de 2022.
"A ameaça dos grupos armados é (...) usada como pretexto para restringir os direitos civis e políticos", disse Samira Daoud, diretora regional da AI para a África Ocidental, citada na declaração.
"Nas suas próximas discussões com as autoridades beninenses, o Presidente francês Macron não deve ignorar estes abusos em nome de uma luta global comum contra o terrorismo, ou dos interesses económicos e políticos da França", acrescentou.
Macron chegou a Cotonou na terça-feira à noite, onde hoje se encontrará com o seu homólogo beninês, Patrice Talon.
Desde o final de 2021 que o norte do Benim e do Togo tem sido agredido por ataques perpetrados por grupos armados anteriormente ativos nos vizinhos Burkina Faso e Níger. Alguns destes ataques têm sido reivindicados por grupos jihadistas.
Os exércitos beninês e togolês estão destacados na parte norte para conter a progressão destes grupos para o sul.
Ambos os países são regularmente acusados por organizações de direitos humanos de excessos autoritários.
O Presidente togolês, Faure Gnassingbé, chegou ao poder em 2005 após a morte do seu pai, o general Gnassingbé Eyadéma, que tinha governado o Togo com mão de ferro, durante 38 anos, e que foi reeleito em eleições mais tarde contestadas pela oposição.
Quanto ao Presidente do Benim, Patrice Talon, tem sido acusado desde as suas primeiras eleições, em 2016, de ter embarcado numa modernização do seu país à custa de um grande revés para a democracia.
A maioria das principais figuras da oposição naquele país foi processada pela justiça e vive agora no exílio ou na prisão.