Pretória - O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, defendeu hoje, 24, durante o seu discurso na cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) mudanças na ordem internacional, cujos "fracassos" foram "expostos pelo conflito na Ucrânia".
"Todos nós partilhamos um desejo de maior representação e perspectivas progressivas nas instituições de governação global. Todos partilhamos uma história comum de luta contra o imperialismo, o colonialismo, a exploração e o subdesenvolvimento continuado", disse Ramaphosa.
Segundo o líder sul-africano, a pandemia covid-19 destacou as vulnerabilidades partilhadas do sul global e das economias emergentes e o "conflito na Ucrânia expôs" os "fracassos" da "ordem internacional".
"Questões globais urgentes como a covid-19, a pobreza, a desigualdade, as alterações climáticas e uma agenda de desenvolvimento sustentável mais ampla foram ensombradas pelo conflito", argumentou.
"Temos de salvaguardar o princípio do multilateralismo. Precisamos de uma Organização das Nações Unidas que seja adequada ao objectivo e clara em beneficiar toda a humanidade, especialmente em tempos de insegurança e crise", acrescentou.
A este respeito, Ramaphosa apelou à "promoção da paz e segurança internacionais" através do "diálogo inclusivo" e reiterou que o Conselho de Segurança da ONU deve ser reformado.
"É injusto que a África, com uma população de 1,3 mil milhões de pessoas, não tenha uma representação permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como países emergentes com os mesmos objectivos, precisamos de passar de uma visão comum de uma ordem internacional emergente para uma agenda comum de mudança", sublinhou.
Tal como fez no primeiro dia das reuniões dos chefes de Estado, na quinta-feira, Ramaphosa salientou também que o bloco BRICS e os seus aliados têm a força combinada para liderar uma recuperação económica global.
"Cabe-nos a nós, como economias emergentes em desenvolvimento, colocar o sul global numa nova trajectória de progresso, prosperidade e autossuficiência, para moldar uma ordem internacional inclusiva e equitativa", concluiu.