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Pelo menos oito pessoas morreram nos protestos de sábado em Cartum

     África              
  • Luanda • Segunda, 15 Novembro de 2021 | 16h19
Bandeira do Sudão
Bandeira do Sudão
Divulgação

Cartum - Pelo menos oito pessoas, incluindo três adolescentes, foram mortas pelas forças de segurança durante os protestos de sábado em Cartum, Sudão, o dia mais mortífero desde o golpe militar, declarou hoje um sindicato de médicos pró-democracia.


Dois manifestantes morreram domingo à noite e na madrugada de segunda-feira, disse o sindicato, elevando para oito o número de mortos da manifestação de sábado.

Entre os mortos encontram-se três adolescentes, de 13, 15 e 18 anos.

O adolescente de 13 anos foi baleado na cabeça em frente à casa da sua família, em Cartum.

O tio do jovem de 18 anos anos disse sábado à agência France-Presse (AFP) que assistiu à autópsia do sobrinho.

"Ele foi baleado através do coração e dos pulmões. Foi horrível, quase desmaiei na morgue", explicou.

Segundo o sindicato, foram contados, desde sábado "mais de 200 feridos, incluindo 100 por tiros", tendo os restantes sido feridos devido a balas de borracha e a gás lacrimogéneo.

As autoridades negaram a violência: explicaram que usaram o mínimo de força, que não dispararam balas reais e que recorreram a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, que alegadamente atacavam esquadras e veículos policiais.

Pelo menos 39 polícias foram feridos nos confrontos de sábado, de acordo com as autoridades.

Apesar da repressão da manifestação de sábado, o movimento anti-golpe apelou a uma nova manifestação para a próxima quarta-feira.

Os protestos de sábado surgiram como sequência ao aumento do controlo militar, que nomeou um novo Conselho Soberano.

O Conselho, presidido pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, realizou a sua primeira reunião no domingo, e declarou que seria formado um governo civil nos próximos dias.

Entretanto, os grupos pró-democracia começam a demonstrar alguma discórdia devido ao apelo de um grupo de partidos e movimentos políticos que pedem que o poder seja partilhado entre os manifestantes e os generais, num acordo civil-militar, como era antes do golpe de Estado.

A Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA), que liderou em 2019 a revolta contra al-Bashir, criticou o apelo, defendendo que o poder deve ser entregue a civis.

A SPA disse que iria trabalhar com os comités de resistência e outros grupos para derrubar o conselho militar e estabelecer um governo civil para liderar a transição democrática.

Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações como as Nações Unidas têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente.

Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.

Ao todo, já morreram 23 pessoas desde o golpe de Estado.



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