Maputo – A Comissária da União Africana (UA), a angolana Josefa Correia Sacko, disse esta quinta-feira, em Maputo (Moçambique), que mais de 80 mil milhões de pessoas foram afectadas por desastres climáticos severos ocorridos em vários países do continente africano de 2015 a presente data.
Segundo a comissária, que falava a propósito do Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais, que se assinala hoje (13), os mais de 700 fenómenos já registos mataram mais 66 mil milhões de pessoas no continente berço da humanidade.
Referiu que os desastres registados em África poderiam ter sido substancialmente reduzidos ou evitados se os sistemas de alerta precoce (EWS) dos países estivessem adequados a identificação prematuro de riscos.
Josefa Sacko lembrou que o ciclone Idai, o maior e mais violento na história de Moçambique, com mais de mil milhões de vítimas, e a seca em vários pontos do corno de África foram os piores desastres naturais dos últimos 40 anos.
Durante o evento, que contou com a presença do Chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, Josefa Sacko disse ser urgente que os países africanos desenvolvam sistemas de alerta antecipado para responder à crescente frequência e magnitude de riscos climáticos.
Tendo em atenção a gravidade dos desastres climáticos, prosseguiu, a Comissão da UA desenvolveu o quadro institucional para alerta rápido de riscos múltiplos, com vista a manutenção das pessoas e a protecção do desenvolvimento.
De acordo com a diplomata, este diploma legal estabelece mecanismos, estruturas e directrizes operacionais para a coordenação dos departamentos especializados da União Africana, Comunidades Económicas Regionais e Estados Membros.
Referiu que para traduzir o diploma em acções concretas, a Comissão da UA desenvolveu o Sistema de Acção e Alerta Antecipado de Perigos Múltiplos em África (AMHEWAS), através de três salas de controlo de alerta de riscos, sendo uma em Adis Abeba, outras em Nairobi, e a terceira em Niamey, no Níger.
“A AMHEWAS representa a visão da União Africana para reduzir substancialmente as perdas por desastres até 2030 e construir resiliência. Pois, construir resiliência é uma tarefa multifacetada que requer uma abordagem multi-riscos como parte do reforço da resiliência ao risco crescente no continente”, sustentou.
Além disso, a Comissão da UA desenvolveu também um Plano de Acção de Recuperação Verde (GRAP) para garantir que os países africanos tomem a covid-19 como uma oportunidade para reconstruir comunidades mais verdes e resilientes.
No espírito pan-africanista, “acreditamos na sinergia e colaboração, espírito Ubuntu, responsabilidade colectiva e precisamos de trabalhar em conjunto para implementar as mudanças que pretendemos”, concluiu.