Pretória - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reuniu-se hoje em Pretória com o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, antes de seguir para a República Democrática do Congo, onde prossegue a sua visita a três países africanos.
A reunião visou "reforçar os laços duradouros" entre os dois países e "promover prioridades globais compartilhadas por meio do Diálogo Estratégico Estados Unidos-África do Sul", escreveu o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Pryce, em comunicado.
No encontro, acrescentou o porta-voz, Blinken notou que "a África do Sul - como uma voz global líder, uma forte democracia constitucional, um membro do G-20 e um líder científico, cultural e tecnológico - é essencial para o progresso global na covid-19, clima, saúde global, democracia e segurança regional".
Segundo a agência Associated Press, a reunião, em que participou a chefe da diplomacia sul-africana, Naledi Pandor, foi breve e cordial, mas não disfarçou as diferenças entre Washington e Pretória no que concerne à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
A África do Sul tem-se mantido neutral e rejeitou sempre ceder aos apelos ocidentais para que condenasse Moscovo pela invasão da Ucrânia ou pela sua conduta no conflito, enquanto os Estados Unidos impuseram duras sanções à Rússia e têm apoiado o Governo ucraniano.
Na África do Sul, Blinken também assinalou hoje o Dia da Mulher, que é feriado no país para recordar o dia, em 1956, em que mulheres de todas as raças marcharam na capital sul-africana para protestar contra o regime do 'apartheid', que oprimia a maioria negra e só terminou em 1994.
O chefe da diplomacia norte-americana viajou depois para a República Democrática do Congo (RDCongo), a segunda parte de uma viagem que o levará ainda ao Ruanda.
Na segunda-feira, Blinken lançou na África do Sul a nova estratégia norte-americana para as relações com os países da África subsaariana.
Num discurso em Pretória, o secretário de Estado explicou que a estratégia se baseia no reconhecimento dos países da África subsaariana como parceiros iguais e enfatizou o papel da região como "uma grande força política".
"O que nós procuramos antes de mais nada é uma verdadeira parceria entre os Estados Unidos e África. Não queremos uma relação desequilibrada ou transacional", disse Blinken, numa conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga sul-africana, na segunda-feira.
"Os EUA não ditarão as escolhas de África e mais ninguém deve fazê-lo", disse mais tarde num discurso na Universidade de Pretória, acrescentando: "O direito de fazer estas escolhas pertence aos africanos apenas".
A nova estratégia, que reconhece a importância demográfica crescente de África, o seu peso na Organização das Nações Unidas (ONU) e os seus imensos recursos naturais, surge num momento em que a insistência de Washington na luta militar contra os grupos extremistas em África tem sido alvo de críticas.
A visita de Blinken a África, semanas após a viagem do seu homólogo russo, Serguey Lavrov, ao continente, é vista por muitos especialistas como uma tentativa de aproximar a diplomacia sul-africana do campo ocidental e contrariar a influência russa no continente.
As organizações não-governamentais têm apelado a Blinken para que use a sua visita a África para promover eleições livres e justas, respeito pelos direitos humanos e esforços anti-corrupção.
Na próxima etapa da sua visita, a RDCongo, Blinken deverá encorajar a procura de soluções para a violência no leste do país, onde têm aumentado os ataques do grupo rebelde M23.
A RDCongo tem acusado o Ruanda de apoiar este movimento.