Joanesburgo - O presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), Cyril Ramaphosa, considerou hoje que o partido no poder na África do Sul encontra-se "dividido" e no seu "nível mais baixo" dos últimos quase 30 anos de governação do país.
Falando na abertura da 6.ª conferência nacional de política do ANC, no centro de convenções de Nasrec, arredores de Joanesburgo, o também chefe de Estado sul-africano instou os delegados a demonstrarem uma "cultura democrática" na resolução dos seus problemas internos.
"O ANC encontra-se no seu nível mais baixo e vulnerável desde o advento da democracia [no país]", salientou o líder do ANC, o partido no poder desde 1994 na África do Sul.
Ramaphosa, que procura ser reeleito para um segundo mandato na conferência nacional do partido, em Dezembro, destacou a "desconfiança" e a "desilusão" da maioria negra sul-africana relativamente à governação do país como as principais fraquezas do antigo movimento de libertação, que diz estar "dividido".
"Somos um movimento dividido", salientou o líder sul-africano, atribuindo a rutura interna no seio das várias fações do ANC governante ao "clientelismo" e à "corrida pelo acesso a cargos e a recursos públicos" através da política de colocação de quadros do partido, incluindo nas empresas públicas.
"Este é um momento decisivo para o ANC, mas acima de tudo para o nosso país", frisou Ramaphosa, pedindo políticas "claras" e "práticas" aos delegados do partido no poder.
A conferencia em Nasrec é o culminar de várias reuniões do partido a nível provincial, sendo considerada por analistas sul-africanos como uma "previsão" da conferência nacional do ANC, em Dezembro, onde o partido elegerá o seu líder e indicará o candidato às próximas eleições presidenciais no país.
Após quase três décadas no poder, o Congresso Nacional Africano enfrenta um declínio no apoio do eleitorado, abaixo dos 50 por cento, segundo as sondagens locais em novembro. O partido é amplamente criticado pela incerteza política, e a corrupção pública e o crime que são galopantes no país, e pelo empobrecimento generalizado da sociedade sul-africana.
Com o desemprego acima dos 35 por cento e uma crise de eletricidade sem fim com contínuos cortes de energia em todo o país, os esforços públicos de Ramaphosa para acabar com a corrupção pública foram recentemente afectados por acusações de que teria ocultado quatro milhões de dólares (3,93 milhões de euros) em moeda estrangeira na sua propriedade agrícola.
Estima-se em cerca de 2.000 funcionários e membros do ANC a participar na conferência de três dias nos arredores de Joanesburgo.