Luena – O Serviço de Investigação Criminal (SIC) no Moxico deteve, esta quinta-feira, no Luena, um casal que se dedica supostamente na prática de tráficos de seres humanos, para realização de trabalhos de escavação de uma vala de irrigação, numa fazenda agrícola na região.
Em declarações à imprensa, o porta-voz do SIC no Moxico, Elisiário dos Passos, disse tratar-se de um grupo de oito cidadãos nacionais, dos quais dois menores de 13 e 14 anos, recrutados na província do Bié.
o Recrutamento servia os jovens trabalharem numa fazenda do casal agora detido, localizada na comuna do Lucusse, 133 quilómetros a sul da cidade do Luena.
Segundo Elisiário dos Passos, as vítimas eram maltratadas, submetidas em condições precárias e por longas horas de trabalhos forçados.
Na ocasião, Inácio Pezi, uma das vítimas, contou que foram contactados por um alegado funcionário do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), para prestarem um trabalho de escavação da referida vala de irrigação.
Para aceitarem a proposta, foi-lhes prometidos que beneficiariam de um pagamento avaliado em um milhão de kwanza, compromisso que não foi honrado pelos supostos patrões.
No decorrer do tempo, continuou, foram expulsos da referida fazenda, tendo decidido regressar à província de origem (Bíe), a pé por falta de dinheiro para pagar bilhete de passagem de comboio.
Entretanto, face às condições precárias de trabalho a que foram submetidos, um dos menores encontra-se internado no Hospital Geral do Moxico, onde foi-lhe diagnosticado a malária, desidratação e várias lesões na pele.
Na ocasião, a pediatra Neusa de Jesus disse que o quadro clínico do menor é estável, mas que inspira cuidados, enquanto o segundo encontra-se sob custódia da Acção Social.
Recentemente, a ANGOP, por meio de uma reportagem, denunciou um caso de uma cidadã identificada por Anita que recrutara um grupo de crianças provenientes da província do Bié, submetidas a realização de trabalho pesado no Moxico.
As crianças raptadas faziam longas viagens de comboio no percurso Huambo/Luena (quase 380 km) a troco de 700 kwanzas.
Na ocasião, as crianças contaram à ANGOP que foram transportadas para o Luena pela referida cidadã "Anita", que lhes prometera abrigo e instrução.
Entretanto, esclareceram que postas no Luena, a acusada não cumpria a promessa, passando a obrigá-las ao pagamento diário de 240 kwanzas pela estadia na sua residência. ISAU/TC/YD