Luanda - O embaixador de Angola na Etiópia e Representante Permanente junto da União Africana (UA) e da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), Miguel Bembe, defendeu esta sexta-feira, em Gaborone (Botswana), que a resposta às ameaças transnacionais, como o terrorismo e o extremismo violento, deve obedecer a uma estratégia muldimensional.
O diplomata fez este pronunciamento na reunião consultiva inaugural entre o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA) e o Órgão de Cooperação nas áreas de Politica, Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Por este motivo argumentou que as futuras operações de luta contra o terrorismo devem continuar a integrar esforços militares, políticos, humanitários e de desenvolvimento, ao abrigo de um espírito de solidariedade e de responsabilidade partilhada pelos Estados-Membros.
Neste contexto, realçou que, em função das lições da experiência da Missão da SADC em Moçambique (SAMIM), no combate ao terrorismo e ao extremismo violento na província de Cabo Delgado, é imprescindível a realização de exercícios conjuntos regulares, a partilha de informações e o estabelecimento de mecanismos de coordenação mais sólidos entre os Estados-Membros, formando uma “frente unida”.
Acrescentou que a eficácia a longo prazo das operações antiterroristas depende de um financiamento sustentável, da mobilização de recursos através de parcerias com doadores internacionais e instituições financeiras, e da participação das comunidades locais.
“As futuras operações devem dar prioridade ao envolvimento da comunidade em iniciativas de construção da paz e garantir que os líderes locais e a sociedade civil sejam parceiros integrais nestes esforços”, pontualizou o embaixador Miguel Bembe no decurso do segundo painel do evento, tendo como tema “O Combate ao Terrorismo e ao Extremismo Violento na África Austral: Lições da experiência da SAMIM em Cabo Delgado”.
Esclareceu que a transição de uma intervenção militar para uma paz sustentável exige uma forte concentração no desenvolvimento de capacidades e que as futuras missões devem dar prioridade à capacitação das forças de segurança e das estruturas de governação locais, assegurando que a apropriação local dos processos de segurança e desenvolvimento seja firmemente estabelecida.
Por outro lado, sublinhou que a reunião conjunta de hoje constitui um testemunho de que o CPS atribui grande importância e respeito à contribuição das Comunidades Económicas Regionais/Mecanismos Regionais para a paz e a segurança em África, como pilares integrais da Arquitectura de Paz e Segurança Africana (APSA) e como blocos fundamentais da integração con1nental.
A sessão contou com a participação do director para os Assuntos do Órgão de Cooperação nas Áreas de Política, Defesa e Segurança, Kula Theletsane, do Comissário da UA para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Bankole Adeoye, da embaixadora de Angola no Botswana e junto da SADC, Beatriz Morais, bem como dos representantes permanentes dos Estados-Membros da SADC e do CPS.
O encontro que se realiza na sede da SADC marca também a celebração do 20º aniversário do CPS da União Africana.