Luanda - O encontro do Presidente da República, João Lourenço, com o seu homólogo Joe Biden, na condição, este último, de líder do país anfitrião da ONU, marcou, esta quinta-feira, o fim da missão oficial do estadista angolano na cidade de Nova lorque.
O encontro de cortesia para uma foto de família entre os dois estadistas, acompanhados das respectivas esposas, as Primeiras Damas Ana Dias Lourenço e Jill Biden, selou a participação de João Lourenço na 79ª Assembleia Geral da ONU.
O momento foi a recepção que tradicionalmente o Presidente dos Estados Unidos da América oferece aos lideres mundiais que se deslocam em Setembro de cada ano a Nova lorque, para o debate em plenária da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.No dia 13 de Outubro próximo, chegará a Luanda Joe Biden para aquela que será a primeira visita oficial a Angola de um Presidente norte-americano. Em solo angolano, o líder da Casa Branca permanecera por três dias.
Discursos nas Nações Unidas
O programa de trabalho do Chefe de Estado começou poucas horas depois de ter desembarcado em Nova Iorque, com a sua participação na Cimeira do Futuro onde proferiu o seu primeiro discurso.
Na ocasião, o Presidente referiu que o "Pacto para o Futuro", adoptado no evento, deve ter em vista a redução das desigualdades entre os Estados e a promoção de um desenvolvimento sustentável e sustentado, que resolva os problemas da pobreza, da fome da desnutrição.
No seu discurso da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente João Lourenço defendeu, entre outros, a reforma da ONU, a prevenção e resolução de conflitos no mundo.
O Chefe de Estado angolano enfatizou a necessidade de uma premente reforma do Conselho de Segurança da ONU e das instituições financeiras internacionais saídas de Breton Woods, para dar voz aos países de África, da América Latina, do Médio Oriente e do sub-continente Indiano.
João Lourenço transmitiu o desejo de Africa ajudar na construção de uma nova arquitectura financeira internacional, falou dos progressos de Angola na luta contra a corrupção e das prioridades do Plano de Desenvolvimento Nacional.
Fez igualmente referência das acções do Governo angolano para a melhoraria do quadro social nacional e da criação de factores que potenciam o desenvolvimento da indústria e da agricultura, enveredando, sobretudo, pela via da eletrificação do país.
Afirmou que assiste-se hoje a uma tentativa de se esvaziar, ignorar ou mesmo substituir o papel e a importância das Nações Unidas nas grandes questões que afligem a Humanidade, nomeadamente aquelas que têm a ver com a paz e segurança universais.
"O imperativo do multilateralismo deve prevalecer como o único quadro verdadeiramente capaz de salvaguardar os interesses comuns a toda a Humanidade, em cujo âmbito devemos reafirmar o nosso resoluto compromisso com a diplomacia, o diálogo inclusivo e o recurso a meios pacíficos para a resolução de conflitos", expressou.
Realçou que Angola está a colocar em benefício da paz em África, a experiência adquirida com a resolução do seu conflito interno que após várias décadas ficou resolvido de forma definitiva por via de um diálogo inclusivo entre as partes beligerantes.
Intensa agenda diplomática
O Presidente João Lourenço desenvolveu uma intensa agenda paralela à Assembleia Geral virada à diplomacia política e económica.
Entre os diversos eventos, reuniu com altos executivos norte-americanos, no quadro de mesa redonda voltada para as oportunidades de negócios em Angola.
Reuniram-se com o Chefe de Estado homens de negócios conhecedores do mercado angolano, como os líderes da AFRICELL e SUN ÁFRICA, bem como outros que querem apostar no mercado angolano.
Na ocasião, os empresários norte-americanos ouviram do Presidente João Lourenço as oportunidades de investimento em Angola nos mais variados domínios.
Na qualidade de Presidente em exercício da Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico (OEACP), João Lourenço orientou uma reunião desta comunidade, onde expressou a sua preocupação com obstáculos financeiros que a instituição enfrenta.
"Estes desafios, se não forem resolvidos, arriscam minar a nossa capacidade de servir eficazmente os interesses dos nossos povos e de defender as aspirações que uniram os nossos 79 Estados-Membros”, justificou.
O estadista tomou igualmente parte da encontro dos Chefes de Estado membros da CPLP.
As estas reuniões juntaram-se um vasto leque de encontros bilaterais com homólogos como da Namíbia, Ghana, Quénia, Finlândia, entre outros, para além de responsáveis de instituições financeiras mundiais.
De resto, Angola participou na 79ª Assembleia das Nações Unidas com uma extensa delegação que fez parte activamente nos debates dos diversos temas em discussão no evento.
O debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas é a oportunidade para os líderes mundiais apresentarem soluções para desafios globais interligados.
O tema escolhido para a presente sessão da Assembleia Geral, que termina apenas dia 30, apela à unidade e solidariedade dos Estados Membros da ONU para trabalharem em conjunto na busca de soluções pragmáticas, com vista a responderem aos inúmeros e complexos desafios e ultrapassarem a difícil e tensa situação política internacional.
O propósito é promover a paz, a prevenção de conflitos, a concórdia, o desenvolvimento sustentável, a prosperidade partilhada e a dignidade humana, sem exclusão.
A Assembleia Geral da ONU (AGNU) é o principal órgão de decisão política da organização, tratando-se de um fórum para a discussão multilateral de todo o espectro de questões internacionais abrangidas pela Carta das Nações Unidas.
Os 193 Estados Membros têm voto igual. Também toma decisões importantes para a organização, incluindo a nomeação do secretário-geral, por recomendação do Conselho de Segurança, a eleição dos membros não-permanentes do Conselho de Segurança, a aprovação do orçamento da própria ONU, entre outras decisões.ART