Luanda – O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, desembarcou ao princípio da noite desta terça-feira em Angola, para uma visita oficial, com vista ao estreitamento do diálogo com as autoridades angolanas e o reforço da cooperação bilateral.
À chegada ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, o diplomata russo foi recebido pelo seu homólogo Teté António, o embaixador do seu país em Angola, Vladimir Tararov, e o embaixador de Angola na Rússia, Augusto da Silva Cunha.
Em declarações à imprensa, o representante russo no território angolano disse que a vinda do chefe da diplomacia russa a Angola vai servir para o reforço das relações entre os dois países, abordar os bons momentos da cooperação do passado e fortalecer os laços de amizade para o contínuo desenvolvimento de ambas as nações.
Questionado sobre o posicionamento de Angola, em relação ao conflito Rússia/Ucrânia, Vladimir Tararov referiu que "deram vários passos para o fim do conflito, mas a parte ucraniana recusou os acordos", uma situação que já vem se arrastando desde 2014 e que ficou por várias vezes bem claro nas declarações do presidente Zelensky (.....).
O diplomata russo sublinhou que o conflito Rússia/Ucrânia em nada vai influenciar nas relações do seu país com Angola, e que cada país tem a liberdade da sua livre expressão, de soberania de escolher a sua posição ou o seu caminho, mas gostaria que fosse a favor do seu país.
Por seu turno, o embaixador de Angola na Federação Russa, Augusto da Silva Cunha, considerou oportuna a vinda do diplomata russo porque vai ajudar a reforçar as relações bilaterais entre os dois povos, meio adormecidas, desde 2019, por causa da pandemia Covid-19.
Segundo o diplomata, "não houve animosidade nas relações", visto que nos últimos três meses concedeu entrevistas a rádio e a televisão russa, onde passou mensagens na base da amizade e solidariedade, em função das relações históricas existentes com os russos e que devem ser preservadas.
Angola e a Rússia têm relações privilegiadas desde 8 de Outubro de 1976, data em que foi assinado, em Moscovo, na altura capital da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o Tratado de Amizade e Cooperação.
A 16 de Novembro de 2004, os dois países rubricam, em Luanda, um acordo para o relançamento da cooperação nos domínios económico e técnico-científico e, no dia seguinte, criaram a comissão intergovernamental de cooperação económica, técnico-científica e comercial.
Actualmente, a cooperação é mais significativa nos sectores da energia, geologia e minas, ensino superior, formação de quadros, defesa e segurança, telecomunicações e tecnologias de informação, pescas, transportes, finanças e banca.
Por esta altura, estima-se estarem a viver em Angola pelo menos mil russos, enquanto mil 500 angolanos residem na Rússia.
A Rússia faz parte de um grupo de 61 países abrangidos pelos procedimentos de simplificação de actos administrativos para a concessão de vistos de turismo.
Recorde-se que em 2019, o Presidente da República, João Lourenço, efectuou a sua primeira visita de Estado à Rússia, onde manteve um encontro com o seu homólogo russo, Vladimir Putin.
No mesmo período houve conversações ao mais alto nível entre delegações dos dois países, para o reforço e alargamento da cooperação bilateral.
Entretanto, até o segundo semestre de 2019 as trocas comerciais entre Angola e Rússia, estavam cifradas em 26 milhões de dólares, o que representou uma queda de 40 por cento em relação ao período anterior.
Um factor constante nestas relações é que os russos vendem muito mais do que compram a Angola. A cesta de exportação de Angola para a Rússia é constituída, fundamentalmente, por madeira e seus derivados, metais de sucata e pedras preciosas.
Do outro lado, entre os principais dez produtos russos de exportação estão bens, serviços militares, equipamentos eléctricos, seus componentes, livros, produtos da indústria gráfica, combustíveis, minerais, derivados de petróleo e fertilizantes.