Luanda – Os presidentes de Angola e do Rwanda, João Lourenço e Paul Kagame, destacaram, esta sexta-feira, em Kigali, o Roteiro de Luanda como a via para a pacificação do Leste da República Democrática do Congo (RDC).
Durante mais de uma hora, o estadista angolano, na qualidade de medianeiro, apresentou ao seu homólogo rwandês propostas para o fim da tensão entre os dois países, bem como da actividade militar no Leste da RDC.
O Roteiro de Luanda recomenda a reactivação da Comissão Mista dos dois países, depois de uma paralisação prolongada.
O desmantelamento das “forças negativas”, incluindo o M23 e as FDLR, que estariam na origem da tensão entre os dois lados, faz igualmente parte do pacote do Roteiro de Luanda.
O Roteiro de Luanda propõe, ainda, um combate cerrado contra o discurso do ódio anti-rwandês, na RDC, que assumiu contornos alarmantes, desde que se retomou a retórica do apoio do Rwanda à rebelião congolesa.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Téte António, que falava à imprensa no final do encontro entre os dois presidentes, o denominador comum é a necessidade da implementação do Roteiro de Luanda para a pacificação, por via do diálogo, na Região dos Grandes Lagos.
“O Presidente João Lourenço busca, com este encontro, uma solução pacífica, por via do diálogo, para o fim da tensão no Leste da República do Congo, caracterizada por acções combativas no terreno e as tensões entre os dois países. Na qualidade de medianeiro, procura escutar as duas partes para um entendimento pacifico”, disse Téte António.
Conforme Téte António, os dois estadistas convergem na ideia de que o mais lógico é a implementação do Roteiro de Luanda como o mais viável para o fim da crise.
Depois do Rwanda, João Lourenço desloca-se, este sábado, à Kinshasa, capital da RDC, para um encontro de auscultação com o Presidente Félix Tshisekedi.
Angola preside à Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), bloco geo-político a que pertencem o Congo Democrático e o Rwanda.
Nessa condição, o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, mandatado pela União Africana para mediar o conflito, tem multiplicado iniciativas para alcançar a paz.
A subida da tensão entre os vizinhos RDC e o Rwanda, países dos Grandes Lagos, levou o Presidente da República Democrática do Congo a viajar a Angola no início do mês de Junho transacto.
A crise entre a RDC e o Rwanda cresceu nos últimos meses, após o reinício, em Março último, dos combates entre o exército da RDC e o movimento M23, que segundo as autoridades de Kinshasa é apoiado pelo país vizinho.