Banguecoque - O secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, admitiu hoje que as restrições da Rússia à exportação de cereais ucranianos podem ter contribuído para a situação de agitação civil no Sri Lanka.
"Vemos o impacto desta agressão russa a aparecer em todo o lado. Pode ter contribuído para a situação no Sri Lanka", disse Blinken numa conferência de imprensa em Banguecoque, citado pela agência francesa AFP.
Uma revolta popular eclodiu no Sri Lanka, no sábado, em protesto contra a falta de alimentos, combustível e medicamentos, de que resultou o afastamento do poder do Presidente da República e do primeiro-ministro.
"Estamos preocupados com as implicações [da guerra na Ucrânia] em todo o mundo", disse Blinken, que chegou à capital tailandesa depois de ter participado numa reunião ministerial do G20 na ilha indonésia de Bali.
A reunião do grupo das economias mais desenvolvidas foi dedicada aos efeitos da guerra que a Rússia iniciou ao invadir a Ucrânia, em 24 de Fevereiro deste ano, sobretudo nos mercados da energia e da alimentação.
A reunião de dois dias do G20 terminou sem uma declaração conjunta.
Blinke disse também que a guerra na Ucrânia teve um impacto na Tailândia, onde os preços dos fertilizantes dispararam.
"Isto é importante, especialmente num país agrícola dinâmico como a Tailândia, porque se não tivermos fertilizantes, sabemos que os rendimentos irão descer no próximo ano e os preços poderão subir", disse Blinken, segundo a agência norte-americana AP.
A revolta popular no Sri Lanka levou à fuga do presidente do país asiático, Gotabaya Rajapaksa, antes de o seu palácio em Colombo ter sido invadido por manifestantes.
Rajapaksa anunciou posteriormente que se irá demitir na quarta-feira.
A revolta levou também à demissão do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, cuja residência privada foi incendiada.
As principais forças políticas cingalesas concordaram que o presidente do Parlamento, Mahinda Yapa Abeywardene, assumirá interinamente a chefia do Estado até à eleição de um novo Presidente da República, no prazo de um mês.
Apesar da ajuda da Índia e de outros países, o Sri Lanka entrou em incumprimento em Abril, ao falhar o pagamento da sua dívida externa de 51.000 milhões de dólares (mais de 50.000 milhões de euros, ao câmbio actual).
O Governo pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), mas Wickremesinghe admitiu recentemente que as negociações eram complexas porque o Sri Lanka é agora um Estado falido.