Nova Iorque - O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou hoje o histórico dos direitos humanos da Índia, que, segundo observadores, regrediu durante o mandato do primeiro-ministro nacionalista hindu, Narendra Modi.
"Como membro eleito do Conselho de Direitos Humanos, a Índia tem a responsabilidade de respeitar os direitos humanos em todo o mundo e de proteger e promover os direitos de todos os indivíduos, incluindo membros de comunidades minoritárias", disse Guterres durante um discurso em Mumbai.
Saudando o desenvolvimento da Índia desde a sua independência do Reino Unido em 1947, o responsável da ONU, no entanto, lamentou que a noção da "diversidade ser uma riqueza" não esteja a "ser garantida" no país.
Este pensamento, segundo o secretário-geral da ONU, deve "ser nutrido, fortalecido e renovado a cada dia".
Os ativistas dos direitos humanos dizem que desde que Narendra Modi chegou ao poder em 2014 num país de maioria hindu e com cerca de 1,4 mil milhões pessoas, houve um aumento da perseguição e do discurso de ódio contra minorias religiosas.
A minoria muçulmana foi particularmente atingida na parte indiana da Caxemira, desde que o Governo de Modi impôs a sua autoridade directa na região em 2019.
A pressão também aumentou sobre críticos do Governo e jornalistas, especialmente mulheres jornalistas, que estão a ser violentamente assediadas na internet.
A Índia deve "proteger os direitos e liberdades de jornalistas, dos activistas de direitos humanos, de estudantes e de académicos" e garantir "a manutenção da independência do sistema judicial indiano", declarou ainda António Guterres.
"A voz da Índia no cenário mundial só pode ganhar autoridade e credibilidade a partir de um forte compromisso com a inclusão e o respeito pelos direitos humanos no país", disse.
Guterres enfatizou que "muito ainda precisa ser feito para promover a igualdade de género e os direitos das mulheres".
"Peço aos indianos que sejam vigilantes e invistam mais em comunidades e sociedades inclusivas, pluralistas e diversas", afirmou o secretário-geral da ONU.
Em Fevereiro, especialistas em direitos humanos da ONU pediram o fim dos ataques "misóginos e sectários" na internet contra uma jornalista muçulmana que criticou fortemente o primeiro-ministro Modi.
Os Repórteres Sem Fronteiras classificaram a Índia no 142.º lugar do seu índice mundial de liberdade de imprensa, sublinhando que está a "aumentar a pressão sobre os meios de comunicação para seguir a linha do Governo nacionalista hindu".