Moscovo - O abandono do gasoduto Nord Stream 2 pelos Estados da União Europeia (UE) levou ao actual aumento dos preços do gás no mercado europeu, indicou hoje uma fonte diplomática russa.
Segundo o director de Cooperação Económica da ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Dmitry Birichevsky, Moscovo lamenta a "politização" do projecto económico.
"Já estamos a observar os efeitos do abandono do Nord Stream 2 no disparar dos preços do gás no mercado europeu", disse Birichevsky, acrescentando que "o asseguramento oportuno desse gasoduto teria servido aos interesses da Rússia e da Europa".
Em resposta à invasão militar da Rússia na Ucrânia, os países ocidentais impuseram uma série de novas sanções contra Moscovo.
Antes mesmo da operação, os EUA e os europeus já anunciavam medidas contra a Rússia. A Alemanha suspendeu a certificação do Nord Stream 2 após o presidente russo, Vladimir Putin, reconhecer a independência das repúblicas de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL).
Para Birichevsky, o país germânico "tornou-se refém do alinhamento artificial com outros interesses políticos".
O Nord Stream 2 é um gasoduto recém-construído, com capacidade de transportar 55 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano, permitindo o trânsito do gás da costa russa até a Alemanha pelo mar Báltico.
Para ser aprovado, o projecto passou por um longo processo de certificação com o órgão regulador alemão. Os EUA, que exportam gás natural liquefeito para a Europa, opuseram-se activamente ao projecto.
Já Moscovo defendeu a contenção de qualquer politização do lançamento do Nord Stream 2, argumentando que o projecto comercial é benéfico tanto para a Rússia quanto para a União Europeia (UE).
O vice-primeiro-ministro russo, Aleksandr Novak, afirmou na segunda-feira (7) que a Rússia tem o direito de cortar o fluxo de gás via Nord Stream 1 em retaliação à interdição do lançamento do Nord Stream 2.
Segundo o governante, a rejeição do petróleo russo trará "consequências catastróficas" para o mercado mundial.
"O preço do barril pode chegar a 300 dólares", indicou, lembrando ainda que a "Rússia fornece 40% do gás consumido na Europa e sempre foi um parceiro de confiança".