Teerão - O ayatollah Ali Khamenei, líder supremo religioso do Irão, acusou hoje (sábado) os "inimigos" estrangeiros de provocarem e incentivarem os recentes protestos populares contra o governo e a liderança teocrática do país.
Citado pela agência Reuters, o ayatollah - que é o chefe de Estado no Irão por ser um estado teocrático - disse que a "esperança mais importante dos inimigos" estrangeiros "em ferir o país" (uma expressão normalmente usada para indicar os Estados Unidos), é "através de protestos populares". Vincou ainda que "os cálculos dos inimigos estarão tão errados quanto os anteriores".
Ali Khamenei acusou ainda a existência de uma "guerra psicológica" devido às tensões diplomáticas entre EUA e Irão, em torno da apreensão de um navio cargueiro iraniano.
O líder religioso do Irão fez estas declarações num discurso transmitido pela televisão, a comemorar o 33.º aniversário da morte do ayatollah Khomeini, líder da revolução iraniana de 1979, que depôs o regime apoiado pelos Estados Unidos.
No mês de Maio, um edifício em Abadan colapsou, num acidente que matou dezenas de pessoas. As autoridades estão a responsabilizar os responsáveis pela regulação dos critérios de segurança da construção, tendo sido já detidas 13 pessoas, incluindo alguns autarcas, sob acusações de corrupção.
No entanto, os iranianos acusam o problema da corrupção geral, afirmando que o governo está mais preocupado com a imagem externa e ataques aos Estados Unidos, do que com os problemas internos da população.
Varias manifestações, um pouco por todo o país, pedem a saída de ayatollah, mesmo com a proibição de críticas ao chefe de Estado no Irão.
Como resposta a estes protestos, os serviços de internet foram afectados pelo Estado, na tentativa de travar o uso de redes sociais para organizar mais manifestações.
Além do recente colapso do prédio em Abadan, o Irão continua a sofrer com as sanções impostas pelos países do Ocidente. O regresso do acordo nuclear de 2015 levantaria algumas das restrições à economia iraniana, mas o governo continua a não chegar a acordo com os Estados Unidos, Rússia, Alemanha, entre outras partes, para um acordo satisfatório em torno do seu programa nuclear militar.