Lobito - A alternância entre a voz de Paulo Flores e da população foi a nota dominante no show memorável do cantor, neste sábado, em Benguela, no âmbito dos seus 36 anos de carreira.
Com um repertório recheado de sucessos, Ti Paulito, como também é conhecido, fez os espectadores, ávidos de ver música ao vivo, cantarem com ele durante duas horas de espectáculo.
Alguns deles aproveitavam o momento para dar algumas passadas na relva do campo de futebol do Nacional de Benguela, onde se realizou o show.
Na sua caravana, além dos instrumentistas que o acompanham, "seleccionados a dedo", estiveram presentes, Yuri da Cunha e Prodígio, que também fizeram a plateia vibrar com suas canções, improvisos e dança à moda angolana.
A dupla Paulo Flores e Yuri da Cunha levou o público ao delírio devido a combinação das suas vozes e coreografia.
Paulo flores cumpre uma tournée que iniciou no dia 31 de Agosto e termina a 12 de Outubro, passando por seis províncias, nomeadamente Luanda, Benguela, Bié, Huambo, Namibe e Huíla.
Falando sobre a província de Benguela, onde tem estado muitas vezes, o artista é de opinião que, em termos de execução de música, está um pouco à frente em relação às outras, com excepção de Luanda.
"Os músicos de Benguela precisam de oportunidades, instrumentos, técnicos de som e um estúdio para desenvolver cada vez mais o seu trabalho", sugeriu.
Entende que, com esses meios, a província vai sobressair muito mais neste tipo de actividade.
Em relação a cantar em língua nacional kimbundo, que sobressai nalgumas músicas do seu reportório, justificou que lidava mais com a avó materna, do Bengo, que utilizava aquela língua nacional em casa.
"A mãe do meu pai, de Benguela, não conversava com as crianças em umbundo, por isso não tive familiaridade com a língua", enfatizou.
Disse, no entanto, que já compôs uma música em umbundo, mas ainda sente uma certa timidez por não se sentir seguro ao pronúnciar as palavras.
"Ainda preciso de algum acompanhamento para ter mais segurança", afirmou o cantor.
Sobre o contacto com a nova geração, disse haver muita criatividade por sua parte, mas defende mais formação, informação e competência para os jovens estarem mais preparados para expor o seu trabalho artístico.
"Hoje em dia, já há muitos artistas que têm noção da indústria musical, mas música não é só cantar porque tem o cenário e a produção", explicou.
"Nós podemos ter apoio do pessoal estrangeiro, mas a nossa força é transformadora", afirmou.
Em termos de discografia, Paulo Flores tem catorze obras no mercado.
São elas: Kapuete - 1988, Sassassa - 1990, Coração farrapo e Cherry - 1990, Brincadeira tem hora - 1993, Inocente - 1995.
Tem ainda Perto do fim -1998, Recompasso - 2001, Quintal do semba - 2003, Ao vivo - 2004, Ex combatente - 2009, Ex- combatente Redux - 2013, Bolo de aniversário- 2016 e Candongueiro viador - 2017.
Paulo Flores também tem várias participações em trabalhos discograficis e shows, com músicos nacionais e internacionais, como os angolanos Yuri da Cunha, Bonga, Carlos Burity e estrangeiros como Tito Paris e outros. TC/CRB