Cuito – Cento e 70 alunos da 3ª a oitava classes do município do Cuito, província do Bié, estão envolvidos na prática do xadrez, no âmbito do projecto "Tabuleiros que transformam", uma iniciativa do colégio Esterinha, do Grupo Chamuanga.
Ao falar, este domingo, à ANGOP, sobre o ponto de situação do projecto, lançado oficialmente em 2022, o director-geral do Grupo Chamuanga, Felizberto Ngola Chamuanga, fez saber que o xadrez faz parte das disciplinas curriculares da instituição, desde 2020.
Por conta disso, referiu ter-se tornado numa cultura e factor identitário dentro do colégio, envolvendo até os professores.
Deste modo, continuou, o projecto tem gerado um impacto positivo no processo de ensino e aprendizagem, por via da elevação dos níveis de concentração, disciplina e mudança comportamental dos alunos.
"Muitos dos alunos, por serem crianças, tinham défices de concentração. Hoje, registam evolução significativa, por conta da prática do desporto ciência, assim como em termos de disciplina e comportamento, o que poderá ajudar, sem sombras de dúvidas, no desenvolvimento das capacidades intelectuais", referiu.
Informou que a sua instituição pretende aproveitar as valências da modalidade, enquanto desporto ciência, para elevar o índice de desenvolvimento humano dos atletas e transformá-los em agentes activos de desenvolvimentos social local.
Em termos de perspectivas, anunciou a participação, a partir
deste ano, em competições exta-escolar a nível do município do Cuito e da província do Bié.
“ O objectivo é formar, até Dezembro de 2025, quatro mestres nacionais e oito internacionais até 2028, ainda que sejam apenas na Comunidade dos Países da África Austral (SADEC), daí a necessidade de participar nas competições externas, para se abrir ao mercado e garantir maior nível competitivo dos atletas”, apontou Felizberto Ngola Chamuanga.
“Queremos escrever o nosso nome no mapa de Angola e do mundo do ponto de vista de competição", preconizou o responsável, assegurando que a sua instituição está a desenvolver um trabalho que pode garantir o alcance deste desiderato, através da aposta no investimento no projecto, com despesas, até ao momento, avaliadas acima de três milhões de kwanzas”.
Visão sobre o estado actual do xadrez na província e no país
Na opinião de Felisberto Ngola Chamuanga, o xadrez a nível da província do Bié e do país vive um momento ainda muito tímido, exigindo mais políticas para a sua massificado.
Nesta conformidade, defendeu a necessidade da sua inserção no plano curricular de todas as escolas do subsistema de ensino geral.
Segundo ele, esta medida deve ser adoptada pelo Ministério da Educação como um projecto a executar pelas direcções provinciais e municipais, em parceria com a Federação Angolana de Xadrez e as associações das provinciais.
Apontou a experiência da Namíbia aonde as escolas têm o xadrez como parte do seu plano curricular, por causa da sua importância no desenvolvimento da inteligência dos alunos, como exemplo que deve ser seguido.
"Seria muito importante se o xadrez fosse sonante e tivesse uma voz alta a nível do país, o que iria contribuir na promoção de um ensino diferenciado, sobretudo em termos de perfil de saída intelectual dos alunos", acrescentou.
Ainda de acordo com Felisberto Ngola Chamuanga, de forma geral, seria uma combinação de factores para a mitigação de situações socialmente reprováveis, causando um efeito positivo na moldagem de comportamento de jovens e adolescentes.
Sobre este projecto do colégio Esterinha do Grupo Chamuanga, o presidente da Associação Provincial de Xadrez do Bié, Samuel Ulica, referiu ser o único sólido que a província tem em instituições escolares, com resultados satisfatórios na formação de atletas a partir da base.
Disse existirem outros dois projectos escolares que se encontram ainda na fase embrionária. VKY/PLB