Chibia - Um novo sistema de cultivo simultâneo denominado “consórcio arroz e feijão”, pioneiro em Angola, está a ser experimentado desde Agosto do ano em curso, em campos de produção do grupo Jardins da Yoba, no município da Chibia, província da Huíla.
O ensaio acontece no quadro de um memorando de cooperação estratégica da empresa angolana com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) do Brasil, que foi desenvolvido para um melhor aproveitamento da área de cultivo, assim como, para a diversificação da renda.
A combinação de arroz e feijão é uma opção nutricional, pois juntos fornecem aminoácidos essenciais, além de serem ricos em fibras e nutrientes como vitaminas do complexo B e cálcio. Essa “dupla” ajuda a prevenir a diabetes, a anemia e problemas cardiovasculares.
Trata-se de quatro linhagens de arroz da Oryza sativa e o igual número de feijão, da espécie Phaseolus vulgaris, todas provenientes do Brasil, que estão a ser combinadas para o sucesso e expansão da iniciativa.
Ao falar do assunto, a professora da UFLA, Flávia Botelho, explicou serem culturas já adaptadas ao sistema de sequeiro local, onde o produtor planta outras sementeiras e vai ter a opção do consórcio, uma tecnologia para se expandir na agricultura familiar.
Disse que no referido sistema, a ideia é fazer um plantio e uma colheita intercalada para facilitar o maneio, porque quando se planta o arroz, a mesma cultua vai servir de protecção a incidentes de ervas daninhas na do feijão, o que vai minimiza a pressão da população no controlo de pragas.
Avançou ser um primeiro teste e como o arroz é uma gramínea, emerge do solo um pouco mais frágil, do que uma leguminosa, plantaram o arroz dez dias antes de semear o feijão, tendo a primeira cultura em baixo e a segunda em cima.
A também especialista em melhoramento da cultura de arroz, referiu ser uma produção que demora até quatro meses para a colheita, sendo que a do feijão vai ser antecipada por ter um ciclo mais curto, de 90 dias, e o do arroz é de 15 dias a mais.
Por sua vez, a directora executiva da empresa Jardins da Yoba, Creusa Walter, afirmou ser um experimento vantajoso e pretendem continuar a pesquisa de melhoramento, para encontrar as melhores soluções para o sistema produtivo do país.
Destacou que uma maneira de levarem tal prática para os pequenos agricultores é através de cooperativas técnicas que vão disseminar o conhecimento.
O memorando de cooperação estratégica entre a empresa Jardins da Yoba e a UFLA foi assinado em 2023 e tem uma durabilidade de 10 anos, que entre outras acções engloba a capacitação transversal de quadros em diversas matérias.
A empresa Jardins da Yoba investe, pelo menos 120 mil dólares/ano com as acções de capacitação e deslocações de técnicos, entre outros gastos no quadro do referido memorando com a UFLA, sendo a única certificada pela FAO como produtora de sementes em Angola. EM/MS