Washington (Do enviado especial) - A participação de Angola nas reuniões anuais do Banco Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI), encerradas hoje, sábado (26), em Washington (EUA), resultou na aprovação de um empréstimo de cerca de 500 milhões de dólares para o país.
Segundo o ministro do Planeamento e chefe da delegação angolana no evento, Victor Guilherme, que fez o balanço à imprensa angolana, o dinheiro servirá para financiar as acções do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2024 e 2025.
Considerou que o empréstimo, cujos valores vão estar disponíveis dentro de um mês, constitui um dos ganhos da presença do país nos eventos que reuniram, de 21 a 26 deste mês, líderes empresariais e especialistas internacionais.
O também governador de Angola junto do Banco Mundial assegurou que as condições desse crédito são vantajosas, tendo uma taxa de juro baixa e um período de 30 anos para o reembolso.
“Os empréstimos que o país obtém na relação com as instituições multilaterais, como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), estão associados a taxas de juros muito baixas, comparativamente ao crédito feito aos bancos comerciais, por exemplo”, assegurou.
Referiu que o acordo do financiamento já foi assinado pela instituição financeira, durante as reuniões, um processo que também será feito pela ministra das Finanças angolana, nos próximos dias. Por isso, avançou que todas as despesas do OGE 2024 e 2025 são elegíveis para este financiamento.
Fez saber que, a par desse acordo, o Governo está a negociar com BM um outro empréstimo para apoiar às “Cidades Costeiras”, no âmbito de um projecto denominado “O que se deve fazer”.
De acordo com o ministro, as reuniões das instituições de Bretton Woods permitiram igualmente fazer uma revisão na carteira de financiamento de Angola, através do aumento de capital financeiro para apoiar as empresas privadas, sem endividar mais o Estado angolano.
Justificou que Angola solicitou mais financiamento direccionado aos projectos do sector privado, porque a banca local ainda “não tem fundos suficientes para fazer face à procura de capital financeiro no mercado nacional”.
Esse facto, prosseguiu, exige recorrer ao apoio do Banco Mundial para reforçar a tesouraria das empresas privadas que actuam em vários domínios da actividade socioeconómica do país.
Entre os sectores prioritários, disse, o Governo aponta o segmento da segurança alimentar, que integra a produção de alimentos, a distribuição e comercialização, o apoio a mulher e aos jovens, além da capacitação do capital humano, temas que estão alinhados com o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027.
Explicou que durante os encontros com os parceiros a delegação percebeu que as instituições bilaterais e multilaterais estão alinhadas com as prioridades de Angola, facto que permite trabalhar de forma mais coesa com os financiadores.
De acordo com o governante, a presença do país nas reuniões do BM e FMI é indispensável, pois serve para Angola apresentar a sua posição sobre o caminho que as duas instituições devem trilhar para o bem-estar de todos os Estados-membros, para além de servir como plataforma para captar financiamentos e investimentos privados.
Entre outros ganhos, destaca-se também a redução dos custos financeiros associados à dívida que Angola contraiu ao FMI, no quadro da revisão de taxas apresentada pelos países membros desta instituição financeira.
Por sua vez, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, salientou que a redução dessas taxas é justificada pelo facto de onerar a tesouraria dos países devedores.
Segundo a governante, os membros das duas instituições defendem igualmente a reformulação do processo de concepção de empréstimos, para tornar mais fácil o acesso ao crédito, principalmente para os Estados em desenvolvimento.
Entre outras actividades, a ministra Vera Daves foi oradora no debate exclusivo sobre a Economia Global.
Além de Victor Guilherme e Vera Daves, integraram a delegação angolana o governador do BNA, Manuel Tiago Dias, o presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano, Armando Manuel, bem como outras individualidades.
As reuniões anuais do Grupo Banco Mundial (GBM) e do FMI são um conjunto de eventos que juntam líderes influentes de governos, empresas, organizações internacionais, sociedade civil e academia, em busca de soluções para os desafios de desenvolvimento económico e sustentabilidade que o mundo enfrenta.
Apesar de decorrer dentro das expectativas dos participantes, que obtiveram resultados animadores, a abertura e o encerramento do evento ficaram marcadas com a concentração de manifestantes defronte as instituições do FMI e BM, apelando para uma reformulação da actual forma de financiamento e o fim do conflito entre Israel e a Palestina.
Este ano, o evento aconteceu ao aproximar as eleições gerais nos Estados Unidos da América, a ter lugar a 5 de Novembro, com os candidatos Donald Trump e Kamala Harris. QCB/VC