Pretória - O antigo inspector da polícia Fulgence Kayishema, um dos fugitivos mais procurados pelo genocídio rwandês de 1994 e sob custódia policial na África do Sul desde Maio, foi novamente detido e poderá ser julgado num tribunal internacional na Tanzânia.
A detenção de Kayishema ocorreu terça-feira a pedido do Mecanismo Residual Internacional para os Tribunais Penais (IRMCT, sigla em inglês), responsável pelos processos pendentes deixados pelo Tribunal Penal Internacional para o Rwanda após o seu encerramento em 2015, segundo declarações divulgadas nos meios de comunicação locais pelo advogado do arguido, Juan Smuts, e citadas pela agência Efe.
Smuts reconheceu que foi "apanhado de surpresa" pela ordem do IRMCT.
O mecanismo internacional quer julgar Kayishema por alegada conspiração para organizar um genocídio e participação nos homicídios, em particular pelo seu alegado papel na morte de cerca de 2.000 refugiados deslocados internamente na igreja católica de Nyange, no noroeste do Rwanda.
Kayishema compareceu na terça-feira perante um tribunal sul-africano, que adiou para 30 de Agosto a decisão de o deportar ou não para a Tanzânia.
O antigo polícia viveu durante anos na África do Sul, onde foi detido em Maio último, no âmbito de uma operação conjunta do IRMCT e das autoridades sul-africanas.
O suspeito usava muitos pseudónimos e documentos falsos para ocultar a sua identidade e contava com uma rede de apoiantes de confiança, incluindo membros da sua família e das Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR), um grupo rebelde de etnia ruandesa baseado na vizinha República Democrática do Congo (RDC).
O genocídio teve início em 07 de Abril de 1994, um dia depois de o avião que transportava os presidentes do Rwanda, Juvénal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira (ambos hutus), ter sido abatido sobre Kigali.
O massacre que se seguiu, e que o Governo ruandês atribuiu aos rebeldes tutsis da Frente Patriótica Rwandesa (RPF), contra os quais estava em guerra desde 1990, matou pelo menos 800 mil tutsis e hutus moderados em pouco mais de três meses.
Foi um dos piores massacres étnicos da história recente da Humanidade. JM