Glasgow - O presidente da União Africana, Félix Tshisekedi, avisou que "África não pode esperar mais" e desafiou os parceiros internacionais a ajudarem o continente a lidar com as alterações climáticas, para as quais, afirma, "pouco contribuiu".
"Mal temos contribuído para a crise climática global, não somos a causa do problema, mas sentimo-lo todos os dias, e não estamos a receber dinheiro suficiente para nos adaptarmos. Só recebemos 6 mil milhões de dólares por ano, quando precisamos de 33 mil milhões de dólares", disse Tshisekedi.
O presidente da comissão da União Africana advertiu: "Não podemos esperar mais, o mundo prometeu ajudar com 100 mil milhões de dólares por ano, e tem de cumprir a promessa".
Falando durante a Cimeira de Aceleração da Adaptação em África, que decorre no âmbito da COP26, o Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo) lembrou que o continente vive "um momento crítico devido ao triplo impacto da pandemia de covid-19, as alterações climáticas e a pior crise económica dos últimos 25 anos" e defendeu o apoio dos parceiros internacionais nas iniciativas de adaptação e mitigação aos efeitos das alterações climáticas.
Félix Tshisekedi destacou o Programa de Aceleração da Adaptação em África (AAAP) e lançou um apelo para a angariação de 12,5 mil milhões de dólares, que se junta aos 12,5 mil milhões de dólares já garantidos em financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento ao longo dos próximos cinco anos para cobrir o défice de financiamento para projectos estruturantes em África.
"Enquanto discutimos a adaptação e a resiliência, precisamos também de proteger as florestas e os oceanos de África que são absorventes naturais de carbono", acrescentou, apontando que "já é tempo de África ser compensada, para bem do planeta".
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de Novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.