Abidjan - A justiça da Côte d’Ivoire iniciou hoje o julgamento de Amadé Ouérémi, antigo senhor de guerra acusado de "assassinatos em massa" no oeste do país em 2011.
De acordo com a agência France-Presse, Amadé Ouérémi, 57 anos e detido em 2013 por um comando militar que pôs fim aos abusos que cometia, compareceu num tribunal na capital do país, Abidjan.
"As mortes de 28 de Março de 2011 no distrito de Carrefour, na vila de Duékoué foram cometidos pelos homens de Ouérémi: assassinatos, violações, participação numa insurreição, tratamento desumano e degradante", referiu a acusação lida na abertura do julgamento.
Números tornados públicos durante a audiência revelaram que a Cruz Vermelha estima 817 mortes nestes ataques, enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que 300 pessoas tenham morrido.
Amadé Ouérémi, que enfrenta uma sentença de 20 anos de prisão -- ou mesmo prisão perpétua -- negou a autoria dos assassinatos.
O acusado, filho de pais originários do Burkina Faso, liderou um gangue e, mais tarde, uma milícia que atacou a população local.
O oeste da Costa do Marfim, rico em cacau, de que o país é o principal produtor mundial, foi um dos pontos de viragem da crise pós-eleitoral de 2010-2011, que surgiu da recusa do Presidente Laurent Gbagbo em conceder a derrota frente a Alassane Ouattara e que resultou na morte de 3.000 pessoas.
De acordo com a ONU e várias organizações internacionais, a captura de Duékoué em Março de 2011 por militantes pró-Ouattara foi acompanhada por massacres em larga escala.