Washington - A embaixadora dos Estados Unidos da América (EUA) nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, efectua a partir desta quarta-feira uma visita de quatro dias a três países africanos, incluindo Cabo Verde, com a insegurança alimentar e guerra na Ucrânia na agenda.
Em declarações antes da partida para esta viagem, que prevê deslocações primeiro ao Uganda e depois ao Ghana, a diplomata norte-americana anunciou que vai reunir-se na Praia com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares.
"Discutiremos todo o leque de assuntos relacionados com a nossa parceria, tanto bilateral como multilateralmente. Cabo Verde tem sido um parceiro incrível para nós. E parte da minha visita é também realmente destacar essa parceria. E agradecer aos líderes cabo-verdianos por essa parceria e essa amizade", declarou Linda Thomas-Greenfield, aos jornalistas.
A diplomata destacou que Cabo Verde é "um importante parceiro" dos EUA e que a visita ao arquipélago, no domingo, será "uma oportunidade" para se "envolver com os parceiros no terreno".
Sobre a visita aos três países em geral, e apesar de assuntos locais em cada um, a embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU) sublinhou que o "principal objectivo é ouvir", para poder "entender melhor as preocupações dos ugandeses, ghaneses e do povo de Cabo Verde, e partilhar essas preocupações" no regresso.
"Estou ansiosa para discutir as prioridades mútuas, para continuar uma conversa que venho tendo em Nova Iorque sobre os esforços para mitigar a insegurança alimentar, que está no topo da nossa agenda para esta viagem", disse ainda.
Linda Thomas-Greenfield reforçou que embora a "insegurança alimentar seja uma crise global", todos sabem que "atingiu particularmente África". Os altos preços da energia, mudanças climáticas, "incluindo secas e inundações severas", a pandemia de covid-19 "e o aumento dos conflitos combinaram-se para levar milhões de pessoas ao limite", enfatizou.
"A guerra de agressão ilegal e imoral de Putin na Ucrânia só aumentou essa crise - especialmente por alguns países de África receberem até 75 por cento de seu trigo da Rússia e da Ucrânia", afirmou.
A combinação destes factores já conduziu a uma situação de emergência única e "desesperante", por se tratar de um "ciclo vicioso" que "urge parar antes que saia de controlo".
"A pior crise de segurança alimentar que já vi em toda a minha carreira. E eu tenho uma carreira muito longa. As pessoas estão morrendo de fome, sem culpa própria, algumas forçadas a viajar longas distâncias na esperança de encontrar ajuda humanitária em algum lugar. Os preços dos alimentos e do petróleo estão a subir. As taxas de desnutrição estão a subir. E as crianças estão a morrer", frisou.
De acordo com a diplomata, os Estados Unidos estão a tentar "liderar o mundo na resposta a essa crise", apoiando a ONU, através de um "roteiro para a segurança alimentar global".
A embaixadora acrescentou que, além das consequências da guerra na Ucrânia para África, a visita a estes três países integra também "uma série de compromissos de alto nível que visam afirmar e fortalecer parcerias e relacionamentos com líderes e povos africanos".